São Paulo, quarta, 27 de janeiro de 1999

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PAINEL

Cabo-de-guerra
A equipe econômica é contrária à redução de impostos (IPI e ICMS) proposta por ACM. Argumento: seria uma contradição, na medida em que o governo está pedindo aumento de impostos ao Congresso (CPMF). Se alguma coisa sair, será apenas por decisão política de FHC.

Clima ruim
Na equipe econômica, há desconfiança de que sai diretamente do Planalto queimação contra seus membros. Técnicos dizem que a versão de que FHC demitiu Gustavo Franco do Banco Central não é verdadeira.

Conhece o chefe
Malan sabe como se relacionar com FHC. Deixou claro que, se o presidente quiser tirá-lo da Fazenda, ele sairá sem problemas. Só não quer ser fritado.

Pisada na bola
Até no PT pegou mal a proposta de Tarso Genro para que FHC articule nova eleição. Para um moderado, apesar da crise, o irrealismo da idéia tira credibilidade da sigla. Acha que Genro quer se credenciar junto aos radicais para presidir o partido.

Jogando na confusão
Sem impressão digital, voltou a circular no Congresso a idéia de adoção do parlamentarismo.

Saída radical
Alguns governadores encontraram máquinas tão viciadas que analisam seriamente a possibilidade de mandar fiscais para casa e fazer acordos diretamente com as empresas para tentar aumentar a receita de ICMS.

Ócio anunciado
O Senado vai apoiar a convocação do Congresso entre os dias 1º e 15 de fevereiro. Mesmo sem ter nada para fazer. A autoconvocação só pode ocorrer se as duas Casas estiverem de acordo.

Maré internacional
O governo tem uma boa margem de manobra no preço dos combustíveis, componente importante do controle da inflação. O preço internacional do barril de petróleo, perto de US$ 11, está bem abaixo do valor de referência pago à Petrobrás: US$ 15.

Humor cambial
Piada de ontem na Câmara: para combater a crise, o governo decidiu incentivar as lojas de R$ 1,99. Elas venderão dólar.

Outro lado
Líder do PMDB, Geddel diz que perdeu noites de sono depois de saber que um ministro acha que FHC não pode governar ouvindo as suas opiniões.

Nada a oferecer
Lafer (Desenvolvimento) ouviu dos empresários que o governo precisa oferecer algo em troca para que um pacto antiinflação dê certo. A reivindicação é a queda dos juros. Malan (Fazenda) e Chico Lopes (Banco Central) dizem que, agora, juros altos são forma de combate à inflação.

Muita espuma
Lafer (Desenvolvimento) faz planos de pacto. Duas comissões farão planos para incentivar a produção e criar empregos. Lara Resende volta ao governo para fazer planos. Nessa batida, FHC precisará de uns três mandatos para executar tantos planos.

Âncora baiana
Ao falar da idéia de uma futura moeda única no Mercosul, durante sabatina no Senado, Chico Lopes (Banco Central) disse que ela poderia se chamar "gaúcho", nome que se aventou no governo Sarney. José Eduardo Dutra (PT-SE) não perdeu a oportunidade: "Ué, por que não "Acarajé'?". O pefelista e baiano ACM riu.

Sabonete
Mantendo a tradição, FHC ficou em cima do muro na briga entre o PMDB e o PSDB pela presidência da Câmara. Deve apoiar publicamente a reeleição de Temer e dizer que acha que, em 2001, o posto deva ficar com os tucanos, se eles tiverem a maior bancada. O PFL não foi avisado.

Pragmatismo petista
Uma ala do PT quer que o partido lance candidato próprio à presidência da Câmara contra Michel Temer (PMDB). A decisão que deve prevalecer, porém, é a de apenas denunciar a "submissão" da Casa a FHC e garantir o cargo do partido na Mesa.

TIROTEIO

De Nelson Marchezan (PSDB-RS), sobre a proposta de Tarso Genro (PT-RS) de que FHC renuncie e articule novas eleições:
- É idéia tresloucada e tentação golpista. Difícil entender que alguém, por menos inteligente que seja, possa querer desrespeitar os resultados eleitorais.


CONTRAPONTO

Internacional capitalista
A reunião de ontem entre o ministro Celso Lafer (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e os presidentes de 27 federações estaduais da indústria teve alguns momentos curiosos.
Antes de o evento começar, alguns empresários conversavam sobre a necessidade de o governo agir mais, se antecipando aos fatos econômicos negativos.
Resumindo a reclamação, um deles citou um verso do refrão da música de Geraldo Vandré "Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores", hino do movimento estudantil de esquerda nos anos 70:
- Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Um jornalista que acompanhava a cena, sem participar da conversa, quase não conteve o riso.
Isso se tornou impossível logo em seguida, quando ele reparou como os empresários estavam se tratando:
- Era companheiro fulano para cá, companheiro beltrano para lá. Parecia reunião de diretório do PT.

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