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Oposição tentará obstruir CPMF
da Sucursal de Brasília
O governo perdeu ontem a chance de fazer um acordo com os partidos de oposição na Câmara para
facilitar a tramitação da emenda
constitucional da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). No início do dia,
quase houve um acordo. No final
da tarde, os oposicionistas passaram a dizer que vão "obstruir ao
extremo" a proposta.
O erro do governo foi não ter
chamado os partidos de oposição
para discutir a autoconvocação do
Congresso na primeira quinzena
de fevereiro.
"Diga ao presidente que eu tenho
uma bancada para cuidar e não
participo de reunião que não serve
para decidir nada", foi a frase do líder do PT, Marcelo Déda (SE), às
17h10 de ontem ao ser chamado
para um encontro com outros líderes na sala do deputado Michel Temer (PMDB-SP), presidente da
Câmara.
A reunião de que Déda não participou serviu para Temer informar
aos líderes de oposição que haveria
uma autoconvocação do Congresso. Isso havia sido decidido antes
apenas entre os governistas.
Menos de três horas antes, Déda
entrara no salão verde da Câmara
ao lado do líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP). Os dois almoçaram juntos.
"Acho possível fazer um acordo
de procedimentos, mantendo as
atuais regras do regimento interno
da Câmara. Podemos admitir um
acordo político, para abreviar a
tramitação", disse Déda.
No almoço, o líder do PT ouvira
de Arnaldo Madeira que o governo
estava abandonando a idéia de
modificar o regimento interno da
Câmara só para acelerar a aprovação do imposto do cheque, como é
chamada a CPMF. Em troca, a
oposição poderia não obstruir a
tramitação.
Déda achou, em princípio, uma
possibilidade. Pediu tempo para
conversar com outros líderes e
com sua bancada.
O problema começou quando o
governo deu como certo o acordo
com a oposição. O líder do PDT,
Miro Teixeira (RJ), não aceitou o
acordo em hipótese alguma.
"Vamos fazer o que estiver ao
nosso alcance para dificultar a tramitação. Agora, o único acordo
que aceitamos com o governo é se
forem interrompidas todas as tramitações de projetos", disse Miro.
²
Empecilhos
Entre as ações preparadas pela
oposição estão a apresentação do
maior número de emendas possível à CPMF e apresentação de destaques para votação em separado.
"Além disso, vamos requerer audiências públicas. O governo tem
maioria e pode derrubar o pedido.
Mas será constrangedor negar o
debate", afirma Miro.
Uma emenda tem prazo máximo
de 40 sessões para tramitar na comissão especial. Se a oposição conseguir utilizar todo o prazo, é improvável que a CPMF seja aprovada antes do início de abril.
Além disso, os oposicionistas
pretendem dar plantão em Brasília
durante a autoconvocação de fevereiro. "Vamos pedir constantes verificações de quórum."
Se o governo não conseguir colocar 51 deputados em plenário, não
poderá ser contado prazo de tramitação para a CPMF.
(FERNANDO RODRIGUES)
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