São Paulo, quarta, 27 de janeiro de 1999

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AJUSTE FISCAL
Políticos de PFL e PMDB criticam ação de ministro Pimenta da Veiga em projeto de geração de emprego
Pacto contra a inflação sofre resistências

LUCIO VAZ
DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília


Empresários e políticos do PFL e do PMDB manifestaram ontem descontentamento com as propostas do governo de lançar um pacto contra a inflação e um programa de geração de empregos.
Reunidos na CNI (Confederação Nacional da Indústria), empresários não gostaram do que ouviram do ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio, Celso Lafer.
O ministro tentou obter o apoio da CNI a um pacto para a manutenção da estabilidade de preços. Mas não garantiu nenhuma contrapartida de curto prazo aos representantes das 27 federações industriais presentes no encontro, o que desagradou os empresários, segundo apurou a Folha.
No Congresso, os líderes do PFL e do PMDB reagiram com ceticismo ao megaprojeto de geração de empregos anunciado pelo ministro Pimenta da Veiga (Comunicações). "Tenho medo de frustrar expectativas. Seria pior", afirmou o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE).
"Não vamos sair da crise com marolas, com fantasia, com pirotecnia, mas sim com seriedade e transparência", disse o líder do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA).
Pimenta anunciou que o governo vai emprestar recursos de bancos oficiais (BNDES, CEF e Banco do Brasil) a empresas privadas para compensar efeitos recessivos da política econômica.
Também anunciou para amanhã a primeira reunião de duas comissões ministeriais que serão encarregadas da produção e da geração de empregos.
PFL e PMDB avaliam que Pimenta tentou capitalizar um projeto estratégico que é de todo o governo e já está sendo encaminhado pelos ministros. Seria uma forma de o ministro se impor como coordenador político do governo.
"Não é hora de partidarizar nada. A ação é de todos os aliados", disse Inocêncio.
No encontro na CNI, Lafer limitou-se a dizer que a redução de juros, uma das principais reivindicações dos empresários, deverá ocorrer em um "prazo não muito longo". Também afirmou que o esforço do governo para o equilíbrio fiscal inviabiliza qualquer alívio na tributação do setor produtivo.
"O tema do equilíbrio das contas do governo é chave. Portanto, não estamos vivendo um momento em que as facilidades nesta área (da redução da carga tributária das empresas) sejam um caminho fácil para o governo", afirmou Lafer.
A resposta do ministro praticamente anulou um conjunto de reivindicações dos industriais reunidas no documento "Ações de Curto Prazo para a Competitividade", que foi entregue ao ministro pelo presidente da CNI, senador Fernando Bezerra (PMDB-RN).
No documento, o setor pede mais prazo para recolhimento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), isenção do IPI na aquisição de bens de capital, eliminação da alíquota de 0,38% de IOF (Imposto sobre Operações Financeira) sobre operações de crédito para as exportações e cuidado do governo ao avaliar a possibilidade de reduzir as tarifas de importação para assegurar a manutenção de preços e discussão prévia com o empresariado.
A reunião de Lafer com os empresários foi marcada por duas ausências: a dos presidentes da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horácio Lafer Piva, e da Firjan (Federação das Indústrias dos Estado do Rio de Janeiro), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira.



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