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São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 2003

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TEORIA & PRÁTICA

Presidente do Consea defende reajuste gradual para servidores

Reposição da inflação é "sagrada", diz Marinho

RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo fazendo ressalvas, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho -empossado anteontem presidente do Consea (Conselho de Segurança Alimentar)-, demonstrou, em entrevista à Folha, ter divergências com a condução da política econômica pelo governo.
Ele defendeu a necessidade de retomada do crescimento econômico e a recuperação do poder de compra dos salários, um reajuste para o funcionalismo público acima do proposto pelo governo e aumentos semestrais para o salário mínimo.
"Chamo a atenção para a sensibilidade necessária por parte do governo de compreender que nós temos necessidade de caminhar para a retomada do crescimento da economia -temos que encontrar mecanismos para a redução dos juros- e para a recuperação do poder real dos salários", disse.
Marinho, que foi candidato a vice na chapa de José Genoino (PT) para o governo de São Paulo e deve ser eleito presidente da Central Única dos Trabalhadores em junho, disse entretanto que é preciso compreender o impacto da conjuntura econômica mundial no país. "Temos que estar sensíveis para o momento de conturbação na economia que acontece com a pré-guerra [possível conflito no Iraque], e nós já estamos pagando o custo da pré-guerra."
Sobre a reivindicação de reajuste feita pelo funcionalismo público -a CUT exige um reajuste de 46,95%, contra os 4% oferecidos pelo governo-, Marinho defendeu a negociação de "mecanismos de reposição" gradual acima do que o governo propõe.
"Há uma defasagem produzida por anos de arrocho. É preciso encontrar um mecanismo de reposição", disse, para acrescentar que não via "a possibilidade de o Estado atender a reivindicação na íntegra de forma imediata". Daí a defesa do reajuste gradual.
"Como sindicalista, pra mim inflação é sagrado. Teve inflação, tem que repor no salário para preservar o poder aquisitivo", afirmou Marinho. "4% é abaixo da inflação. É preciso que o governo tenha sensibilidade para compreender isso. E é preciso sensibilidade do funcionalismo para discutir um processo de reposição."
Durante a posse de Marinho na presidência do Consea, anteontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou sindicalistas que exigem aumento sem participar da elaboração do Orçamento. "Se não estiver no Orçamento, não tem como garantir esse aumento [reivindicado]", disse Lula.
O sindicalista defendeu que o governo faça reajustes semestrais do salário mínimo, para cumprir a promessa de dobrar seu valor real ao fim do mandato.
Segundo Marinho, o "governo pensa em simplesmente enquadrar o funcionalismo na atual previdência da iniciativa privada". "Sobre esse aspecto, minha opinião é que não tem a mínima possibilidade de acordo", disse.


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