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TEORIA & PRÁTICA
Presidente do Consea defende reajuste gradual para servidores
Reposição da inflação é "sagrada", diz Marinho
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo fazendo ressalvas, o
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho
-empossado anteontem presidente do Consea (Conselho de Segurança Alimentar)-, demonstrou, em entrevista à Folha, ter divergências com a condução da
política econômica pelo governo.
Ele defendeu a necessidade de
retomada do crescimento econômico e a recuperação do poder de
compra dos salários, um reajuste
para o funcionalismo público acima do proposto pelo governo e
aumentos semestrais para o salário mínimo.
"Chamo a atenção para a sensibilidade necessária por parte do
governo de compreender que nós
temos necessidade de caminhar
para a retomada do crescimento
da economia -temos que encontrar mecanismos para a redução
dos juros- e para a recuperação
do poder real dos salários", disse.
Marinho, que foi candidato a vice na chapa de José Genoino (PT)
para o governo de São Paulo e deve ser eleito presidente da Central
Única dos Trabalhadores em junho, disse entretanto que é preciso compreender o impacto da conjuntura econômica mundial
no país. "Temos que estar sensíveis para o momento de conturbação na economia que acontece com a pré-guerra [possível conflito no Iraque], e nós já estamos pagando o custo da pré-guerra."
Sobre a reivindicação de reajuste feita pelo funcionalismo público -a CUT exige um reajuste de 46,95%, contra os 4% oferecidos
pelo governo-, Marinho defendeu a negociação de "mecanismos de reposição" gradual acima do que o governo propõe.
"Há uma defasagem produzida
por anos de arrocho. É preciso encontrar um mecanismo de reposição", disse, para acrescentar que
não via "a possibilidade de o Estado atender a reivindicação na íntegra de forma imediata". Daí a defesa do reajuste gradual.
"Como sindicalista, pra mim inflação é sagrado. Teve inflação,
tem que repor no salário para preservar o poder aquisitivo", afirmou Marinho. "4% é abaixo da inflação. É preciso que o governo
tenha sensibilidade para compreender isso. E é preciso sensibilidade do funcionalismo para discutir um processo de reposição."
Durante a posse de Marinho na presidência do Consea, anteontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou sindicalistas que
exigem aumento sem participar
da elaboração do Orçamento. "Se
não estiver no Orçamento, não
tem como garantir esse aumento
[reivindicado]", disse Lula.
O sindicalista defendeu que o
governo faça reajustes semestrais
do salário mínimo, para cumprir
a promessa de dobrar seu valor
real ao fim do mandato.
Segundo Marinho, o "governo
pensa em simplesmente enquadrar o funcionalismo na atual
previdência da iniciativa privada". "Sobre esse aspecto, minha
opinião é que não tem a mínima
possibilidade de acordo", disse.
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