KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Depois da segunda renúncia em apenas 41 dias, para fugir de um processo de cassação, o ex-deputado federal Pinheiro Landim (sem partido-CE), 59, chorou ao falar que não sabe se volta à vida política e disse que pretende tocar os negócios e se dedicar à família.
As afirmações foram feitas ontem, em entrevista à Agência Folha, em Fortaleza. Landim está sendo investigado por suspeitas de venda de habeas corpus a criminosos, com a conivência de integrantes do Poder Judiciário, e envolvimento com narcotráfico.
Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal com autorização judicial mostram vários diálogos entre o ex-deputado e Leonardo Dias Mendonça, considerado pela polícia um dos maiores traficantes do país.
Na entrevista, Landim chorou muito ao falar da "solidariedade" que tem recebido. "Os gestos de solidariedade são imensos, não só dos meus correligionários, mas também dos adversários, que não são meus inimigos, evidentemente. Isso para mim é muito confortador", disse.
Ele se recusou a falar das estratégias que seu advogado, Raul Livino, irá utilizar para defendê-lo agora que perdeu a imunidade parlamentar. "Seja qual for o fórum que estiver fazendo o meu julgamento, espero que o Estado de Direito prevaleça. Pelo menos, tenho que acreditar nisso, porque, na hora que eu deixar de acreditar, não sei mais em que país vou estar vivendo."
Landim afirma que irá provar sua inocência. A renúncia, segundo ele, foi a única saída, porque ele sabia que o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT) estava determinado a cassá-lo. "Estava claro que tudo era planejado, preestabelecido, para me cassar."
O relatório da Comissão de Ética da Câmara recomendou a abertura do processo de cassação ao considerar que não havia dúvidas do envolvimento de Landim com as denúncias. O ex-deputado disse que não definiu ainda se vai seguir na carreira política.


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