|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONGRESSO
Saída de Pinheiro Landim e suposto envolvimento de ACM em grampos na Bahia devem agilizar tramitação de proposta
Projeto petista prevê cassação após renúncia
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A segunda renúncia do ex-deputado Pinheiro Landim (sem
partido-CE) e o suposto envolvimento do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) no caso
dos grampos ilegais na Bahia devem agilizar a tramitação de um
projeto de lei que impede que parlamentares acusados de quebra
de decoro ou de improbidade administrativa sejam beneficiados
pela desistência dos cargos.
De autoria do deputado federal
Orlando Desconsi (PT-RS), o projeto prevê a continuidade dos
processos que podem levar à cassação dos direitos políticos dos
parlamentares, independentemente da renúncia.
Além de Landim -que anteontem renunciou pela segunda vez,
em quarenta e um dias após acusações de envolvimento com o
narcotráfico-, também ACM e
os hoje deputados Jader Barbalho
(PMDB-PA) e José Roberto Arruda (PFL-DF) já abdicaram de seus
cargos para evitar a cassação, depois de investigações em 2001.
De acordo com a atual legislação, os processos são automaticamente arquivados no momento
em que o investigado deixa o cargo para o qual foi eleito, podendo
disputar novas eleições.
Desconsi afirma que seu projeto, aprovado por unanimidade na
CCJ (Comissão de Constituição e
Justiça) da Câmara em 2001, está
pronto para ser votado.
"O Parlamento precisa moralizar o seu espaço para ter credibilidade perante a sociedade. Se nós
permitirmos que novos [parlamentares] continuem renunciando após as evidências de irregularidades, perdemos o respeito. Temos de cortar a própria carne",
diz o petista.
O deputado garante já ter conseguido de Nelson Pellegrino, líder de seu partido na Câmara, a
promessa de que a colocação do
projeto em pauta será debatida na
próxima reunião de líderes da Casa. O encontro deve ocorrer logo
depois do Carnaval.
Embora a determinação para
que um projeto seja votado possa
ser feita apenas com a indicação
do presidente da Câmara, no caso
o também petista João Paulo Cunha, um acordo prévio de líderes
que possibilite a entrada da proposta na pauta costuma facilitar a
aprovação de uma nova lei, já que
reduz as chances de expedientes
protelatórios, como, por exemplo, a falta de quórum.
Transparência
Embora poucos acreditem que
ACM resista às pressões que vem
sofrendo por muito tempo, o senador baiano poderia ser o primeiro atingido pelo projeto, caso
ele seja aprovado antes de uma
eventual renúncia do pefelista.
Mesmo diante dessa possibilidade, o líder do PFL, deputado José Carlos Aleluia (BA), diz ser favorável à votação da proposta.
"Não vejo inconveniente. Tudo o
que for pela transparência e para
não dar privilégios aos parlamentares, sou a favor", declarou.
"Parlamentares têm de ser tratados como qualquer cidadão,
que não tem segunda chance em
casos em que comete erros", completou o líder pefelista.
De acordo com ele, entretanto, a
proposta não atingirá o senador
baiano. "As investigações não levarão à culpa dele", afirmou Aleluia, contrariando todas as evidências até o momento.
Para ser aprovado, o projeto
precisa da maioria simples
-50% mais um- dos votos na
Câmara e no Senado.
Além da proposta de Desconsi,
também uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) já abriu
caminho para que congressistas
sejam processados, mesmo depois de terem renunciado.
Texto Anterior: Justiça: Comissão de Anistia vai rever processos Próximo Texto: Landim chora e fala em perseguição Índice
|