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CRIME ORGANIZADO
Caso corre no STJ, do qual Edson Vidigal, pai de Erick, é o vice-presidente; tribunal diz que advogado deixou processo
Filho de ministro era defensor de traficante
JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relacionamento do advogado
Erick Vidigal, 28, com prepostos
da quadrilha de João Arcanjo Ribeiro começou no ano passado e
não se limitou a diálogos mantidos em reuniões fechadas. Timóteo Nascimento da Silva, advogado e lobista a serviço do "comendador", como é conhecido o chefe
do crime organizado em Mato
Grosso, transferiu para Erick e
seus sócios a defesa de Valdenor
Alves Marchesan, traficante de
drogas preso em Cuiabá.
O caso corre no STJ (Superior
Tribunal de Justiça), corte que
tem como vice-presidente o pai
de Erick, ministro Edson Vidigal.
O substabelecimento (transferência) de procuração de Nascimento da Silva em favor de Erick e dos
sócios dele foi aos autos no dia 17
de dezembro de 2002.
Na manhã da última terça-feira,
pesquisando no site do STJ, a Folha verificou que Erick ainda figurava como defensor do traficante
Valdenor Marchesan. Em nova
pesquisa, realizada na tarde do
mesmo dia, a reportagem constatou que o nome do filho de Edson
Vidigal fora retirado da internet.
"Nenhum processo encontrado",
eis a nova resposta fornecida pelo
serviço eletrônico do tribunal.
A assessoria de imprensa do STJ
informou que Erick saíra do processo antes. Seu nome constava
do site indevidamente. Por isso
foi retirado. O caso envolvendo
Valdenor Marchesan está sendo
relatado pelo ministro Gilson
Dipp. Pedido de libertação do traficante, que se encontra preso, será julgado no mês que vem pela
quinta turma do STJ.
A lei não proíbe que filhos de
magistrados advoguem no tribunal em que atuam os seus pais. A
procuração concedida a Erick ganha relevância porque demonstra
um vínculo prévio com personagem que se encontra, desde o final
de janeiro, sob investigação da
Polícia Federal.
Grampo da PF
Nascimento da Silva, o advogado que transferiu a procuração
para Erick, é o mesmo que teve
conversas telefônicas captadas
por um grampo da PF. Nos diálogos, publicados pela Folha no último domingo, ele discute a "negociação de sentenças" (expressão da PF) em favor de criminosos mato-grossenses.
O nome de Erick é mencionado
nos diálogos num contexto que
levou a PF a considerá-lo suspeito. Documentos confidenciais da
polícia o apresentam como suposto elo de bandidos com o STJ.
Mencionam-se nos diálogos a
negociação de um habeas corpus
(US$ 100 mil) e entendimentos
em torno de um contrato de "assessoramento" nos tribunais de
Brasília (R$ 2 milhões).
O filho de Edson Vidigal se defende dizendo que recusou as
ofertas.
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