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NARCOTRÁFICO
Sindicância aponta conduta irregular de Vicente Leal, acusado de participar de esquema de venda de habeas corpus
Comissão vê indícios para afastar juiz do STJ
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A comissão de sindicância do
STJ (Superior Tribunal de Justiça), encarregada de apurar a suposta participação do ministro
Vicente Leal em esquema de venda de habeas corpus, decidiu recomendar a abertura de processo
administrativo contra ele e o seu
afastamento. De acordo com a comissão, há indícios suficientes de
conduta irregular no cargo.
A decisão é inédita em tribunais
superiores. Na semana passada, o
TRF (Tribunal Regional Federal)
da 1ª Região abriu processo administrativo contra o desembargador federal Eustáquio Silveira e a
mulher dele, a juíza federal em
Brasília Vera Carla Silveira, e ordenou o afastamento dos dois,
por sugestão da comissão de sindicância do órgão. Silveira deverá
recorrer, argumentando que ele
deveria ter sido ouvido previamente para apresentar a defesa.
Caberá ao plenário do STJ,
composto pelos 33 ministros, decidir se acolhe ou não as recomendações contra Leal. A próxima sessão está prevista para 31 de
março. Na próxima quinta-feira,
Leal deverá receber o relatório. A
partir daí, terá 15 dias de prazo para apresentar a sua defesa. Os outros ministros receberão em seguida a cópia das conclusões e da
defesa.
Paralelamente a essa investigação, de caráter administrativo,
Leal continua sendo um dos alvos
do inquérito criminal em curso
no Supremo Tribunal Federal para apurar venda de habeas corpus
para libertar acusados de tráfico
internacional de drogas, que também envolve o ex-deputado Pinheiro Landim (sem partido-CE).
Antes de anunciarem o resultado da sindicância aos jornalistas,
no final da tarde, os três membros
da comissão, Salvio de Figueiredo, Ruy Rosado e Peçanha Martins comunicaram pessoalmente
as decisões a Leal, em reunião informal no gabinete do presidente
do STJ, Nilson Naves. "Os indícios e elementos colhidos levam à
conclusão de que se deve abrir o
processo administrativo", declarou o presidente da comissão, ministro Salvio de Figueiredo.
O nome de Leal surgiu em gravações telefônicas realizadas com
autorização judicial. A comissão
de sindicância foi instaurada em
17 de dezembro e examinou o inquérito policial, além de dados
bancários, telefônicos e fiscais obtidos por quebra de sigilo.
Figueiredo disse que os indícios
são de conduta irregular na função de juiz, sem especificar se eles
são relativos a venda de habeas
corpus ou tráfico de influência.
A comissão protestou contra
obstáculos criados por uma empresa de telefonia celular para informar as ligações feitas por Leal.
Ela decidiu comunicar esse fato
ao Ministério Público para que sejam tomadas providências contra
a companhia telefônica. A pedido
da OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil), a comissão decidiu informar à entidade que o nome do
advogado Márcio de Assis Borges
é citado nas gravações telefônicas,
em vários momentos e com ênfase, segundo Figueiredo.
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