São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2005

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Dois acusados de ajudar fazendeiro são presos

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALTAMIRA

A Polícia Federal prendeu ontem à tarde em Belo Monte, no oeste do Pará, dois homens acusados de dar suporte a fuga do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang, 73, em Anapu (PA), no último dia 12.
Segundo a PF, os presos Magnaldo Santos, o Negão, e Cleoni Santos, trabalhavam como vaqueiros na fazenda de Bida. Os dois negaram a acusação em depoimento dado ao delegado da PF em Altamira, Ualame Machado.
Os dois vaqueiros tiveram a prisão temporária decretada anteontem pela Justiça. Um terceiro homem ligado a Bida também teve a prisão decretada e é procurado na região de Anapu e Altamira.
O acusado de ser o autor dos seis disparos contra a missionária, Rayfran Sales, o Fogoió, disse em depoimento à PF na semana passada que Negão e Santos levaram -no meio da mata- comida, agasalho e lona para ele [Fogoió], para Clodoaldo Batista, o Eduardo, e para Amair Feijoli da Cunha, o Tato, -acusado de ser o intermediário do crime- um dia após a morte da missionária. A informação foi confirmada por Eduardo.
Fogoió, Tato e Eduardo, que já estão presos, passaram dois dias escondidos na fazenda de Bida, segundo depoimento do próprio Fogoió. "O Rayfran [Fogoió] também disse que o Cleoni ajudou ele a esconder a arma do crime", disse o delegado.
Os dois presos ontem serão indiciados por favorecimento pessoal e seus nomes constarão no inquérito da PF que será concluído amanhã.

Negociações
O advogado de Bida, Augusto Septiminio, acompanhou o depoimento dos dois vaqueiros do fazendeiro durante cerca de três horas e meia na sede da PF. Ele disse que seu cliente deve se entregar a qualquer momento, após a conclusão do inquérito, que acontece amanhã. Segundo a cúpula da PF em Belém, o fazendeiro Bida está negociando sua rendição por meio de advogados.
"Eu não sei onde ele [Bida] está, mas ele se entregará só após a conclusão do inquérito. O depoimento dos dois [vaqueiros] demonstra mais uma vez a falta de culpabilidade do meu cliente no ato da morte da irmã", disse.
A PF divulgou anteontem uma foto recente de Bida. Antes, as polícias trabalhavam com uma foto dele tirada há 13 anos e com um retrato falado.
A PF deve ouvir Fogoió e Eduardo hoje para esclarecer a contradição verificada entre o depoimento deles e o dos vaqueiros, que negaram ter levado comida a eles na fazenda de Bida. Fogoió, Eduardo e Tato estão presos na penitenciária de Altamira.
O advogado de Tato, Oscar Damasceno, também negou ontem o envolvimento de seu cliente no crime. "Não há prova nenhuma contra o Tato. Há somente o depoimento do Fogoió e do Eduardo, que foi dado sob pressão policial", disse o advogado.
O irmão da missionária, David Stang, chegou ontem pela manhã a Altamira e pediu justiça no caso. Ele viajaria de carro na tarde de ontem para Anapu, onde visitaria o túmulo da irmã.


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