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Dois acusados de ajudar fazendeiro são presos
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALTAMIRA
A Polícia Federal prendeu ontem à tarde em Belo Monte, no
oeste do Pará, dois homens acusados de dar suporte a fuga do fazendeiro Vitalmiro Bastos de
Moura, o Bida, acusado de ser o
mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang, 73, em
Anapu (PA), no último dia 12.
Segundo a PF, os presos Magnaldo Santos, o Negão, e Cleoni
Santos, trabalhavam como vaqueiros na fazenda de Bida. Os
dois negaram a acusação em depoimento dado ao delegado da PF
em Altamira, Ualame Machado.
Os dois vaqueiros tiveram a prisão temporária decretada anteontem pela Justiça. Um terceiro homem ligado a Bida também teve a
prisão decretada e é procurado na
região de Anapu e Altamira.
O acusado de ser o autor dos
seis disparos contra a missionária, Rayfran Sales, o Fogoió, disse
em depoimento à PF na semana
passada que Negão e Santos levaram -no meio da mata- comida, agasalho e lona para ele [Fogoió], para Clodoaldo Batista, o
Eduardo, e para Amair Feijoli da
Cunha, o Tato, -acusado de ser o
intermediário do crime- um dia
após a morte da missionária. A informação foi confirmada por
Eduardo.
Fogoió, Tato e Eduardo, que já
estão presos, passaram dois dias
escondidos na fazenda de Bida,
segundo depoimento do próprio
Fogoió. "O Rayfran [Fogoió] também disse que o Cleoni ajudou ele
a esconder a arma do crime", disse o delegado.
Os dois presos ontem serão indiciados por favorecimento pessoal e seus nomes constarão no
inquérito da PF que será concluído amanhã.
Negociações
O advogado de Bida, Augusto
Septiminio, acompanhou o depoimento dos dois vaqueiros do
fazendeiro durante cerca de três
horas e meia na sede da PF. Ele
disse que seu cliente deve se entregar a qualquer momento, após a
conclusão do inquérito, que acontece amanhã. Segundo a cúpula
da PF em Belém, o fazendeiro Bida está negociando sua rendição
por meio de advogados.
"Eu não sei onde ele [Bida] está,
mas ele se entregará só após a
conclusão do inquérito. O depoimento dos dois [vaqueiros] demonstra mais uma vez a falta de
culpabilidade do meu cliente no
ato da morte da irmã", disse.
A PF divulgou anteontem uma
foto recente de Bida. Antes, as polícias trabalhavam com uma foto
dele tirada há 13 anos e com um
retrato falado.
A PF deve ouvir Fogoió e Eduardo hoje para esclarecer a contradição verificada entre o depoimento deles e o dos vaqueiros,
que negaram ter levado comida a
eles na fazenda de Bida. Fogoió,
Eduardo e Tato estão presos na
penitenciária de Altamira.
O advogado de Tato, Oscar Damasceno, também negou ontem
o envolvimento de seu cliente no
crime. "Não há prova nenhuma
contra o Tato. Há somente o depoimento do Fogoió e do Eduardo, que foi dado sob pressão policial", disse o advogado.
O irmão da missionária, David
Stang, chegou ontem pela manhã
a Altamira e pediu justiça no caso.
Ele viajaria de carro na tarde de
ontem para Anapu, onde visitaria
o túmulo da irmã.
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