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PF e Exército vão atuar contra pistoleiros no PA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As equipes da Polícia Federal e
do Exército enviadas ao Pará por
conta do assassinato de Dorothy
Stang serão acionadas para dar
suporte a programas de governo
cuja implantação esbarra na ação
de pistoleiros que agem na região.
Deflagrada a crise, que apontou
mais uma vez a ausência do Estado na região amazônica, Ibama
(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais),
Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e Funai (Fundação Nacional do Índio)
iniciam programas destinados a
inibir a exploração ilegal da madeira, a identificar e retomar terras da União que foram griladas e
a demarcar áreas indígenas ocupadas por fazendeiros.
Em um plano emergencial, o Incra fará o recadastramento de cerca de 100 mil imóveis rurais distribuídos por 10 milhões de hectares
de terras da União no Pará. O projeto, que começa em abril, mobilizará inicialmente 60 equipes do
Incra -cerca de 240 técnicos.
A meta do presidente do órgão,
Rolf Hackbart, é dispor de cem
equipes (400 técnicos) para concluir o trabalho em dois anos.
O recadastramento extrapola os
limites do Pará, seguindo o desenho da BR-163, estrada que liga
Santarém (PA) a Cuiabá (MT) e
cuja construção é anunciada como uma das prioridades do governo. O edital do empreendimento, estimado em R$ 1 bilhão
-somando construção, recuperação e manutenção de uma extensão de 1.340 quilômetros-,
deve ser lançado em junho.
A Funai espera demarcar, ainda
este ano, quatro das sete terras indígenas existentes no Estado, o
que equivale a 90% da área à espera de demarcação.
Entre as pendências está a terra
indígena Apyterewa, de 773 mil
hectares, que teve a demarcação
iniciada em janeiro e depois suspensa por conta da ação de pistoleiros. "Os técnicos estavam a
1.800 metros de concluir a demarcação. Mas foram impedidos de
terminar o trabalho", diz Mércio
Gomes, presidente da Funai.
Nesta segunda-feira, o Ibama
começa por Anapu uma operação
de 45 dias para mapear o estoque
de madeira em 200 serrarias instaladas no PA, MT e RO.
A idéia é ter um referencial para
comparar à quantidade de madeira que estará nestes galpões a partir de maio, quando começa a
temporada de seca e, com ela, o
desmatamento mais intenso.
Em meio à crise, a PF, que enviou um reforço de 80 homens à
região -o corpo permanente na
área é de 61 policiais-, aguarda o
governo liberar R$ 10 milhões para iniciar a construção de duas
novas delegacias -em Altamira e
Itaituba- e reformar as instalações e reequipar as já existentes
em Marabá e Santarém.
Segundo o delegado Valdinho
Caetano, chefe da Divisão de Assuntos e Sociais e Políticos da PF,
o reforço servirá para dar suporte
a uma força-tarefa para executar
mandados de prisão ainda não
cumpridos contra pistoleiros em
pelo menos 12 comarcas.
Segundo levantamento da Comissão Pastoral da Terra, publicado pela Folha, nas regiões sul e sudeste do Pará, 16 assassinatos de
sindicalistas permanecem sem
punição para os mandantes e pelo
menos 29 acusados de pistolagem
estão foragidos.
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