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Dilma pede "menos fígado" no caso Lupi
Ministra afirma que polêmica sobre ministro levantada por Comissão de Ética requer "racionalidade" porque "não é questão trivial"
Sepúlveda Pertence, novo presidente da comissão, disse que novas denúncias do caso serão analisadas na próxima reunião, em março
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou ontem
que a polêmica sobre o ministro Carlos Lupi (Trabalho) levantada pela Comissão de Ética
Pública da Presidência deve ser
avaliada com "menos fígado"e
mais "racionalidade".
No final do ano passado, a comissão viu "conflito de interesses" no fato de Lupi ocupar, simultaneamente, a presidência
do PDT e o cargo de ministro,
determinando um prazo de dez
dias para que ele decidisse entre um ou outro. Sem resposta,
a comissão recomendou ao
presidente Lula a demissão de
Lupi. Lula ainda não tomou nenhuma decisão sobre o caso.
"Acredito que essa questão
do ministro Lupi tem que ser
avaliada com muita tranqüilidade. Com menos fígado e mais
racionalidade", disse a ministra, ao sair de um encontro na
CNI (Confederação Nacional
da Indústria), onde apresentou
um balanço parcial do Programa de Aceleração do Crescimento. "O governo está fazendo uma avaliação bastante circunstanciada porque não é
uma questão trivial. Estamos
avaliando se de fato [a situação
de Lupi] fere a ética ou não."
A comissão é um órgão da
Presidência e existe exatamente para avaliar questões como a
do ministro Lupi.
Para a ministra, no entanto,
tal avaliação não cabe somente
à comissão. "Tanto não cabe
que ela [a comissão] remeteu
essa questão ao presidente."
Ela também afirmou que
"um ministro não pode ser demitido só por denúncias".
Convênios
Nas últimas semanas, reportagens mostraram que o Ministério do Trabalho assinou vários convênios com entidades
ligadas ao partido de Lupi. Na
semana passada, a Folha noticiou que ao menos 12 convênios assinados pelo Trabalho
autorizaram a destinação de
R$ 50 milhões a entidades e
pessoas ligadas ao PDT.
A Folha também mostrou
que entidade ligada à Força
Sindical, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, pleiteava convênio
na pasta para recolocar mão-de-obra em São Paulo a um
custo quase 100% maior do que
o gasto pelo governo paulista.
Já reportagem do "Globo" de
ontem mostrou que asilo em
Catanduva (SP) fez convênio
com o Trabalho para qualificar
jovens. O curso não foi dado.
Ontem, o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence,
afirmou que novas denúncias
contra Lupi serão analisadas
na próxima reunião, em março.
Ele assumiu o cargo na segunda, com a saída de Marcílio
Marques Moreira. O ex-presidente negou que sua atitude tenha relação com o mal-estar vivido entre ele e Lupi.
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