São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

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Dilma pede "menos fígado" no caso Lupi

Ministra afirma que polêmica sobre ministro levantada por Comissão de Ética requer "racionalidade" porque "não é questão trivial"

Sepúlveda Pertence, novo presidente da comissão, disse que novas denúncias do caso serão analisadas na próxima reunião, em março

FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou ontem que a polêmica sobre o ministro Carlos Lupi (Trabalho) levantada pela Comissão de Ética Pública da Presidência deve ser avaliada com "menos fígado"e mais "racionalidade".
No final do ano passado, a comissão viu "conflito de interesses" no fato de Lupi ocupar, simultaneamente, a presidência do PDT e o cargo de ministro, determinando um prazo de dez dias para que ele decidisse entre um ou outro. Sem resposta, a comissão recomendou ao presidente Lula a demissão de Lupi. Lula ainda não tomou nenhuma decisão sobre o caso.
"Acredito que essa questão do ministro Lupi tem que ser avaliada com muita tranqüilidade. Com menos fígado e mais racionalidade", disse a ministra, ao sair de um encontro na CNI (Confederação Nacional da Indústria), onde apresentou um balanço parcial do Programa de Aceleração do Crescimento. "O governo está fazendo uma avaliação bastante circunstanciada porque não é uma questão trivial. Estamos avaliando se de fato [a situação de Lupi] fere a ética ou não."
A comissão é um órgão da Presidência e existe exatamente para avaliar questões como a do ministro Lupi.
Para a ministra, no entanto, tal avaliação não cabe somente à comissão. "Tanto não cabe que ela [a comissão] remeteu essa questão ao presidente."
Ela também afirmou que "um ministro não pode ser demitido só por denúncias".

Convênios
Nas últimas semanas, reportagens mostraram que o Ministério do Trabalho assinou vários convênios com entidades ligadas ao partido de Lupi. Na semana passada, a Folha noticiou que ao menos 12 convênios assinados pelo Trabalho autorizaram a destinação de R$ 50 milhões a entidades e pessoas ligadas ao PDT.
A Folha também mostrou que entidade ligada à Força Sindical, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, pleiteava convênio na pasta para recolocar mão-de-obra em São Paulo a um custo quase 100% maior do que o gasto pelo governo paulista. Já reportagem do "Globo" de ontem mostrou que asilo em Catanduva (SP) fez convênio com o Trabalho para qualificar jovens. O curso não foi dado.
Ontem, o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, afirmou que novas denúncias contra Lupi serão analisadas na próxima reunião, em março. Ele assumiu o cargo na segunda, com a saída de Marcílio Marques Moreira. O ex-presidente negou que sua atitude tenha relação com o mal-estar vivido entre ele e Lupi.


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