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É preciso ser direto sobre abuso, afirma americano
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O enviado do governo americano para preparar a visita da
secretária de Estado dos EUA,
Hillary Clinton, fez ontem críticas indiretas à omissão do
presidente Lula em condenar a
situação dos direitos humanos
em Cuba. E disse que o assunto
será tratado na quarta-feira
que vem.
Questionado se os EUA estavam frustrados com a posição
de Lula, o subsecretário para
Assuntos Políticos (número
três da diplomática americana), William Burns, disse: "Eu
acho que é importante que as
pessoas sejam diretas quando
há casos claros de abusos de direitos humanos. Eu não pretendo que os EUA sejam perfeitos, mas nós tentamos apontar
problemas com direitos humanos. Certamente não temos
vergonha em expressar as
preocupações, e direitos humanos são parte importante da
agenda com o Brasil".
Em visita a Cuba, Lula não
condenou o regime comunista
pela morte por greve de fome
do preso político Orlando Zapata Tamayo. Ontem, em El
Salvador, ele voltou a falar sobre o tema. "Acho que a gente
não pode fazer o julgamento de
um país ou da atitude de um governante por uma atitude de
um cidadão que resolve entrar
em greve de fome", afirmou.
"Aprendi também a não dar
muito palpite sobre as atitudes
dos governos dos outros, que
muitas vezes a gente mete o dedo onde não deveria", disse.
À Folha Burns não quis fazer
comentários diretos sobre a
onda antiamericana na América Latina. "Temos diferenças, é
claro, mas temos muito mais
semelhanças para trabalhar",
afirmou.
(IGOR GIELOW)
Colaborou SIMONE IGLESIAS, enviada especial
a El Salvador
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