São Paulo, sexta, 27 de fevereiro de 1998

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Painel

Me engana que eu gosto
O Planalto nega que as viagens de FHC tenham tom eleitoral, mas é deliberada a estratégia de visitar Estados até junho e de ficar mais em Brasília a partir de julho, quando começam legalmente as restrições eleitorais.

Roteiro preestabelecido
Até junho, FHC faz campanha enquanto os outros candidatos não podem fazê-la legalmente. Depois, permanece mais em Brasília, dando exemplo de compenetração administrativa. E fugindo dos palanques mais complicados nos Estados.

Banana republic
Já era sabido que FHC teria vantagem em relação aos demais candidatos, pois é difícil delimitar onde termina o exercício presidencial e começa o reeleitoral. O problema, na visão do TSE, é que inaugurar adutora inacabada dá muita bandeira.

Poderes independentes
Um amigo de Sarney acha, no mínimo, inconveniente que um ministro de Estado visite uma autoridade da cúpula do Judiciário para fazer um pedido de um presidente-candidato. Sobre a nota de ontem do Planalto, tem uma opinião impublicável.

Não muda mesmo
Os problemas com a Light e Cerj no Rio estão trazendo dor de cabeça para os petistas paulistas. A ala radical quer a revisão da privatização das energéticas no programa de Marta Suplicy. O grupo dela prefere só cobrar rigor na fiscalização.

Apetite de avestruz
O Itamaraty checou na embaixada italiana o hábito alimentar do premiê Romano Prodi, que chega ao Brasil na terça. Resposta: "Ele é de Bolonha. E estômago bolonhês não rejeita nada".

Uma reeleição custa caro
Perto da convenção do PMDB, FHC decidiu convidar Sarney para o jantar de terça com Romano Prodi. Sarney se chateou quando "esqueceram" do convidá-lo para cear com Clinton.

Jeito de encrenca
FHC reuniu Jungmann (Política Fundiária), Iris (Justiça), Cardoso (Casa Militar) e Seligman (Incra) ontem no Planalto. Assunto: MST. Pretende reagir se houver um aumento de invasões de terra no período eleitoral.

Cruz-credo
O Planalto está baixando a bola da visita de Michel Camdessus (FMI) a Brasília no fim de março, para participar de uma reunião do "Círculo de Montevidéu". Ressalta que não é oficial.

Choro mineiro
O eixo do discurso de Itamar Franco na convenção do PMDB de 8 de março deve ser uma espécie de apelo para que lhe dêem pelo menos a chance de viabilizar o seu projeto presidencial.

Pra que pressa, sô?!
Os itamaristas dizem aos convencionais do PMDB que votar agora pela candidatura presidencial própria não os impedirá de mudar de idéia e apoiar FHC em junho -época do calendário eleitoral para tratar legalmente de coligações e chapas.

Turma de cururu 1
Para auxiliares de FHC, os caciques do PMDB marcam bobeira ao tentar desacreditar seguidamente a candidatura Itamar. Só conseguem contrariar o ex-presidente, que, para provar que fala sério, se empenha cada vez mais no jogo partidário.

Turma de cururu 2
A última dos governistas do PMDB é dizer que Itamar quer vencer a convenção para que FHC tenha que negociar com ele a adesão do partido à reeleição em junho. Pode até ser verdade, mas não deveriam espalhar.

Samba de uma nota só
FHC nem disfarça. Sua agenda de ontem tinha apenas "despachos internos". Leia-se: fez política de olho na convenção do PMDB e em temas eleitorais.

Intriga desinteressada
Tucanos e pefelistas dizem que será um vexame se os governistas perderem a convenção do PMDB e mesmo assim FHC não lhes tirar todos os cargos. Pareceria, afirmam os aliados, uma fraqueza presidencial.

TIROTEIO


De Raimundo Bonfim, coordenador-geral da Central de Movimentos Populares, sobre as visitas do prefeito Celso Pitta (PPB) à periferia de São Paulo:
- A mando de Maluf, ele dizia em 96 que ia à periferia para sentir o cheiro do povo. Hoje, o povo pode dizer que sente o fedor da administração dele, que nem o lixo recolhe.

CONTRAPONTO

Nem todo Zé é amigo
Presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná), José Carlos de Carvalho, o Carvalhinho, foi participar de atividades de campanha de José Resqueti, candidato do PFL à Prefeitura de Astorga em 1996.
Apesar de hoje presidir o PFL paranaense, na época Carvalhinho tinha pouca intimidade com o cotidiano partidário. Ele chegou à cidade e perguntou:
- Onde fica o comício do Zé?
Um morador falou que ficava logo ali e ensinou o trajeto. Carvalhinho achou facilmente.
Quando o pefelista subiu no palanque, todos fizeram cara de surpresa. Passado algum tempo, Carvalhinho notou que os discursos não eram favoráveis aos seus correligionários.
Virou-se para o motorista e disse:
- Acho que entramos no comício errado!
Ao se dar conta de que estava no ato de José Rosiska (PPB), saiu de fininho. E foi procurar o comício certo. Achou.


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