São Paulo, sexta, 27 de fevereiro de 1998

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ROMBO
Presidência considera que pacote fiscal ainda não fez efeito e que contas primárias terão superávit neste ano
Governo mantém sua previsão para 1998

da Sucursal de Brasília

Mesmo após o fracasso das previsões para 97 e anos anteriores, o governo mantém a projeção de um superávit nas contas neste ano eleitoral, excluindo desse cálculo os gastos com juros.
Oficialmente, o governo pretende obter em 98 um superávit primário de 1,5% do PIB, a mesma meta descumprida durante o ano passado.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, afirmou ontem que o governo mantém a meta de superávit nas contas públicas para este ano.
Pacote
Segundo ele, a economia brasileira em 98 vai se beneficiar das medidas do pacote fiscal lançado no final do ano passado para tentar debelar os efeitos da crise na economia asiática no Brasil. "Não deu tempo de o pacote gerar efeitos."
O porta-voz responsabilizou os Estados pelo déficit nas contas públicas anunciado ontem pelo Banco Central.
'"Esse déficit vem sobretudo dos Estados e das estatais", disse Amaral. '"O governo federal e as empresas públicas federais não tiveram déficit", completou, referindo-se apenas ao conceito de déficit primário, que exclui os gastos com juros na conta final.
O porta-voz afirmou que até as 19h de ontem o presidente Fernando Henrique Cardoso não havia conversado com a equipe econômica sobre os números das contas públicas.
Segundo Amaral, cabe ao Banco Central dar maiores explicações sobre o tema ao presidente.
O BC divulgou estimativas de que o governo federal, que teve resultado zero no conceito de déficit primário, pode ter superávit de 2,3% do PIB em 98.
Dois fatores dificultam, porém, o cumprimento da meta fixada para este ano. O primeiro é a ameaça de novos problemas externos que obriguem uma nova alta dos juros ou atrasem a queda das taxas dos patamares atuais.
O segundo é o calendário eleitoral. Os Estados devem obter novas receitas de privatização neste ano, e nada impede que a maior parte do dinheiro seja utilizada em obras em vez de abater dívidas.
O governo federal deve ter menos condições políticas para comprimir as contas estaduais. São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, os Estados mais importantes economicamente do país, são administrados por aliados de FHC.
A própria União sofrerá pressões pelo aumento de gastos, para a conclusão de obras ou aumento das despesas chamadas sociais.
Os ministérios da Fazenda e do Planejamento, responsáveis pelas contas públicas, não quiseram se pronunciar ontem sobre as metas para 98.



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