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Uso de verba de privatização é criticado
Economistas vêem
risco para o Real
da Reportagem Local
Os resultados das contas públicas de 97 são "ruins", o
"maior risco ao Plano Real" e
"inquietantes", principalmente por terem ocorrido num ano
de arrecadação fiscal recorde,
introdução da CPMF e de congelamento de salários do funcionalismo.
A opinião é dos economistas
Odair Abate, diretor de estudos econômicos do Lloyds
Bank, Paulo Leme, do banco
de investimentos Goldman
Sachs, de Nova York, e Antônio Corrêa de Lacerda, membro do Conselho Federal de
Economia e estrategista do
grupo industrial Siemens.
"Os escorregões fiscais continuam sendo o maior risco à
credibilidade do Real", disse
Leme. Para ele, é preocupante
o potencial dos governadores
de usar parte da receita das privatizações em gastos correntes.
"A venda de ativos deveria
ser usada estritamente para a
redução da dívida pública."
Lacerda e Abate disseram
que a situação das contas deve
se agravar nesse ano eleitoral,
porque a tendência dos governos é abrir os cofres.
Para Lacerda, os resultados
mostram que "há um desajuste fiscal muito profundo no Estado brasileiro". Isso porque,
afirmou, o governo nunca arrecadou tanto como em 97.
"A carga tributária superou
31% do PIB, o CPMF gerou recursos adicionais, houve elevação das tarifas das estatais e,
apesar disso, o governo não
equilibrar suas contas."
"O pacote fiscal tinha como
objetivo uma economia de R$
20 bilhões, que é, coincidentemente, a diferença entre o previsto e o realizado em 97."
Para o economista e ex-deputado (PT-SP) Aloizio Mercadante, os resultados mostram
um quadro de descontrole fiscal que tende a se agravar em
98, já que a taxa de juros vinha
decrescendo em 96 até o governo baixar o pacote fiscal como
reação à crise asiática.
Segundo ele, não é justo atribuir o rombo aos Estados e
municípios, já que o governo
vem retendo receitas das prefeituras e governos por meio
do Fundo de Estabilização Fiscal (FEF), além de ter imposto
aos Estados perda na arrecadação de ICMS ao isentar as exportações de produtos básicos.
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