São Paulo, sexta, 27 de fevereiro de 1998

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Presidente da UDR critica FHC e Covas

EDMILSON ZANETTI
da Agência Folha, em São José do Rio Preto

O presidente da UDR, Roosevelt Roque dos Santos, disse ontem que o presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo, Mário Covas, serão "culpados" se ocorrer confronto com sem-terra em São Paulo.
"O que pode acontecer numa dessas invasões é ocorrer inúmeras vítimas. Desde já credito a culpa ao presidente da República e ao governador de São Paulo", disse.
Para Santos, "o governador Mário Covas incentiva as invasões, e o governo federal libera dinheiro para as desapropriações. Ambos estão mancomunados com a política de invasão."
Santos considera iminente o risco de conflito na região de Caiuá (650 km a oeste de São Paulo), novo foco de tensão no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado de São Paulo.
Manifestação
A cidade será palco hoje da primeira manifestação pública da UDR (União Democrática Ruralista) neste ano "contra as invasões e de alerta ao governo".
"Respeito a estatura política do Fernando Henrique. É um homem preparado, mas, por ser muito preparado, ele ganha tudo com conversa. Diz que não haverá vistoria em área invadida. É conversa para inglês ver", disse.
Mais de mil produtores foram convidados para o ato. Eles devem sair em carreata do município de Presidente Venceslau, pela rodovia Raposo Tavares, até Caiuá. São esperados fazendeiros também de Mato Grosso do Sul e do Paraná.
A região tem sido novo foco de invasões desde o final do ano por grupos ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ou dissidentes.
Para Almir Guedes Soriano, presidente do Sindicato Rural de Presidente Venceslau (São Paulo), foram cinco invasões e três tentativas repelidas somente em Caiuá.
Cledson Mendes, 24, dirigente do MST que coordena as invasões na região de Caiuá, disse ontem que a manifestação da UDR é um "sinal de desespero".
"Enquanto meia dúzia de fazendeiros faz barulho, a grande maioria está negociando a vendas das terras com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo)."



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