FERNANDO MENDONÇA
da Agência Folha, em Curitiba

Somente produtos de empresas que não empregam mão-de-obra infantil deveriam ser comprados pelos consumidores. A criação de um selo, que seria impresso em embalagens, identificaria os produtos "socialmente corretos".
Essa é uma das alternativas apresentadas ontem em Curitiba por integrantes da Marcha Global Contra o Trabalho Infantil para coibir a exploração do trabalho de crianças e adolescentes com menos de 14 anos de idade.
"Em 2 de março, 20 empresas do setor calçadista no Vale dos Sinos (RS) receberão o selo 'Empresa Amiga da Criança', da Abrinq", disse Lélio Corrêa, coordenador da marcha na América do Sul e conselheiro da Fundação Abrinq (Associação Brasileira da Indústria de Brinquedos).
A marcha é financiada por cerca de 7.000 ONGs (Organizações Não-Governamentais). O custo mundial previsto para o ato é de U$ 1 milhão, fora os gastos nos países por onde tem passado. No Brasil, a marcha já consumiu R$ 100 mil, pagos pela Fundação Abrinq, sindicatos e ONGs.
Os integrantes da marcha partiram de São Paulo anteontem e chegaram a Curitiba na madrugada de ontem.
À tarde, organizaram uma passeata simbólica no bairro Centro Cívico e foram recebidos no Palácio Iguaçu (sede do governo do Paraná) pelo governador do Estado, Jaime Lerner (PFL).
A paranaense Adébora Alves da Silva, 14, que participa da marcha, leu uma carta escrita por ela e, em seguida, entregou-a a Lerner.
A marcha partiria ontem à noite para Florianópolis (SC).

Esforços
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem em seu programa de rádio, "Palavra do Presidente", que o governo está "começando a acabar com o trabalho infantil" no Brasil.
"Ainda no decorrer de 98, vamos resgatar as últimas crianças que são exploradas nas carvoarias e plantações de erva-mate de Mato Grosso", disse FHC.
A secretária de Assistência Social do governo, Lúcia Vânia, participou do programa de rádio. Ela apresentou o projeto "bolsa-cidadã", que remunera famílias que colocam os filhos na escola, em regiões em que é alta a incidência de trabalho infantil.
O "Palavra do Presidente" é transmitido às terças-feiras. Segundo a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, por causa do Carnaval, o programa foi transferido para ontem.