São Paulo, sexta, 27 de fevereiro de 1998

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SUCESSÃO PRESIDENCIAL
Planalto envia Eduardo Jorge ao tribunal para falar que viagens são apenas "administrativas'
FHC diz ao TSE que não faz campanha

SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília


O secretário-geral da Presidência da República, Eduardo Jorge, disse ontem ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Ilmar Galvão, que o presidente Fernando Henrique Cardoso não está em campanha e que todas as suas viagens a Estados são '"administrativas".
Em 40 minutos de conversa, Eduardo Jorge transmitiu um recado incisivo de FHC a Galvão para tentar afastar eventuais problemas com a Justiça Eleitoral em sua virtual candidatura à reeleição.
O Palácio do Planalto transformou o encontro em uma resposta pública a declarações recentes do ministro em defesa da fiscalização do uso da máquina administrativa pelos partidos da oposição, candidatos e Ministério Público.
Menos de duas horas após Eduardo Jorge deixar o gabinete de Galvão, no Supremo Tribunal Federal, o Planalto divulgou nota à imprensa em que deixa clara a intenção de afastar "qualquer mal-entendido" sobre o comportamento do presidente como pré-candidato.
Segundo a nota, Eduardo Jorge "esclareceu que as viagens administrativas do presidente da República seguem um padrão definido desde o início do governo, padrão esse que não guarda qualquer relação com campanha eleitoral".
Lei
A nota também afirma que a atitude de FHC "tem sido e continuará sendo rigorosa obediência à lei, às instruções do TSE e à sua jurisprudência".
"Se ficasse sem resposta (às declarações), seria pior. Foi uma resposta elegante", disse Galvão. "Não se pode chegar a extremos de corte de relações, nem há motivo para isso."
O ministro confirmou a preocupação com o uso da máquina administrativa em todos os níveis, inclusive pelos governadores que pretendem disputar a reeleição.
"A imprensa são os olhos da nação. Ao noticiar (supostas irregularidades), leva ao conhecimento dos interessados, como partidos da oposição, candidatos e Ministério Público", disse.
"Desde que assumi o cargo, em junho de 1997, tenho pregado que os interessados apresentem denúncias à Justiça Eleitoral."
Galvão negou que, na condição de presidente do TSE, tenha críticas ao comportamento de FHC.
"Sou juiz, tenho que ter ética de juiz. Não posso pôr em dúvida as viagens do presidente. Como cidadão, o problema é meu."
Ele lembrou que a campanha e a propaganda eleitorais só estão autorizadas a partir de 6 de julho.



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