São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2007

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Senador volta a ministério sob denúncias

Alfredo Nascimento, do PR, nega envolvimento em irregularidades durante a campanha eleitoral do ano passado

Parlamentar, que foi titular dos Transportes no primeiro mandato de Lula, não terá sob sua alçada a gestão dos portos, que vai para o PSB


FÁBIO ZANINI
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em conversa no Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou o convite para que o senador Alfredo Nascimento (PR-AM), 54, retorne ao Ministério dos Transportes.
O convite a Nascimento ocorreu apesar do surgimento de acusações de irregularidades na sua campanha eleitoral ao Senado, como uso de um falso CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e pagamento irregular de gasolina. O senador nega as acusações. Ele foi titular da pasta de 15 de março de 2004 a 31 de março de 2006, quando se desincompatibilizou para ser candidato ao Senado, e elegeu-se com 629 mil votos.
Lula avisou ao futuro ministro que a pasta perderá parte das atribuições com a criação da Secretaria Nacional dos Portos, que terá status de ministério, e será comandada por Pedro Brito. Nascimento disse que a decisão de Lula geraria queixas no seu partido, o PR, mas que seriam superáveis.
Brito será ministro na cota do PSB e do ex-ministro da Integração Nacional e hoje deputado Ciro Gomes (CE). Brito era o número dois de Ciro na pasta e passou a chefiá-la quando este deixou o cargo em 2006 para concorrer à Câmara.
A criação da pasta com status de ministro para o titular é uma forma de compensar o PSB. A Integração Nacional hoje está na cota do PMDB, sendo comandada pelo deputado federal Geddel Vieira Lima (BA). A posse de Nascimento deverá acontecer na quinta-feira, mesmo dia em que assumirão seus cargos os futuros ministros do Desenvolvimento e da Comunicação Social -respectivamente os jornalistas Miguel Jorge e Franklin Martins.
De acordo com o líder do PR, Luciano Castro (RR), o presidente Lula teria se solidarizado com o senador que não deu declarações na saída do encontro com o presidente. Nascimento evitou a imprensa de propósito, para não ser abordado sobre as acusações.
O PR ficará com o controle do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), que rende dividendos políticos nos Estados.

Reforma
Lula tem discutido a reforma ministerial ao longo dos últimos cinco meses. Hoje tem 34 ministros. Passará a ter 36 pessoas no primeiro escalão com essa status. Algumas pastas só dão status de ministro ao seu titular. Outras têm status de ministério -estrutura administrativa maior, por exemplo.
O presidente ainda discute reservadamente mudanças no Ministério da Defesa. Lula tem dificuldade de demitir o atual titular, Waldir Pires, pois não deseja que carimbá-lo como responsável pela falta de solução para o apagão aéreo.
O presidente porém, está preocupado com o desgaste que o assunto provoca e pretende trocá-lo. Avalia que a oposição encontrou uma bandeira que pode queimar parte do capital político obtido numa reeleição em que superou as crises do primeiro mandato.


Colaboraram FERNANDA KRAKOVICS, PEDRO DIAS LEITE e EDUARDO SCOLESE, da Sucursal de Brasília

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