São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Bateu, levou

No dia 20 de fevereiro, Dilma Rousseff foi recebida por empresários em São Paulo num jantar organizado pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). A ministra da Casa Civil falou principalmente de energia, mas, a certa altura, um dos presentes lhe perguntou sobre o caso dos cartões corporativos. "Não vamos apanhar quietos", respondeu ela. Em seguida, informou que o governo estava produzindo um levantamento de informações relativas aos gastos feitos no período FHC.
Ontem, o ministro José Múcio (Relações Institucionais) atrasou para o fim da tarde sua ida a Recife, onde integraria a comitiva de Lula, para pilotar a mobilização que derrubou a convocação de Dilma na CPI.

Difuso. O Planalto alega que será difícil localizar, por meio das senhas, os responsáveis pela compilação de gastos de contas "tipo B" do governo FHC, já que um grupo grande de funcionários foi encarregado de fazer o levantamento.

Atalho. A oposição deve ir ao STF requisitar a transferência de informações sigilosas sobre cartões do TCU para a CPI. Argumenta que o tribunal é um órgão de assessoramento do Legislativo -e, portanto, as informações têm de ser compartilhadas. É um jeito de driblar a maioria governista na comissão, que barrará a aprovação de qualquer requerimento nessa linha.

Em resumo. Quem conhece bem o quadro explica: a única maneira de impedir o acordo PT-PSDB em Belo Horizonte é convencer Patrus Ananias a ser candidato; e, embora muitos estejam tentando, o único capaz de convencer o ministro é Lula. Resta saber se ele fará o gesto.

Pirulito. A compensação oferecida por Sérgio Cabral a Eduardo Paes, cuja candidatura no Rio foi rifada na construção do acordo PMDB-PT, é a chefia da Casa Civil do governo, que ficará vaga com a saída de Régis Fichter para ser vice de Alessandro Molon.

Pano rápido. Colhido pela notícia da aliança, Paes tratou de cancelar o almoço-palestra que teria hoje na Associação Comercial de Jacarepaguá. Segundo a entidade, a mudança de planos se deu "pelas razões políticas sabidas".

Número da fé. O deputado Alessandro Molon é originário do movimento católico carismático "Deus É Dez". Só que o senador Marcelo Crivella, candidato da Igreja Universal à Prefeitura do Rio, também é dez -número de seu partido, o PRB.

Muro total. Para escapar tanto do ato organizado pelos defensores da candidatura de Geraldo Alckmin quanto da palestra de Fernando Henrique Cardoso, turbinada por tucanos pró-Gilberto Kassab na tentativa de esvaziar o evento rival, a bancada do PSDB na Assembléia paulista marcou uma sessão extraordinária para hoje à noite.

Didático. Título do convite eletrônico distribuído pela Juventude Tucana para a palestra que acontece hoje: "Pai do Real, FHC falará em São Paulo nesta quinta-feira".

Faxina. Estudantes secundaristas do Maranhão planejam lavar a entrada do Palácio dos Leões, sede do governo estadual, após a visita de Hugo Chávez. O grupo alega que o venezuelano já debochou de Lula mais de uma vez.

Mãozinha. O governo de Blairo Maggi (PR) apresentou a Armínio Fraga o plano de reestruturação da dívida de Mato Grosso, de R$ 4,8 bilhões. Segundo a Secretaria da Fazenda, o ex-presidente do Banco Central não cobrou pela "ajuda informal".

Visita à Folha. D. Filippo Santoro, bispo de Petrópolis, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado do padre Vando Valentini, de Luís Felipe Pondé, teólogo e sociólogo, e de Francisco Borba Ribeiro Neto, sociólogo e coordenador dos Projetos Fé e Cultura.

Tiroteio

É um movimento individual do governador para se lançar a vice na chapa do PT em 2010. Com a palavra, o PMDB.


De CESAR MAIA , reagindo à notícia de que Sérgio Cabral decidiu apoiar o petista Alessandro Molon na eleição municipal do Rio; o PMDB, partido do governador, havia feito acordo com o prefeito em torno da candidatura de Solange Amaral (DEM).

Contraponto

Ação coletiva

Encerrada a agitada sessão de anteontem na CPI dos Cartões, na qual os tucanos propuseram a abertura de dados sigilosos do período FHC para provocar Lula a fazer o mesmo, formou-se uma rodinha de parlamentares.
Um oposicionista opinou que tal reciprocidade era quase impossível, pois, em seu entender, o governo inteiro "age" para abafar a investigação. Um petista discordou. E o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) aproveitou para fazer piada com o ministro-chefe da CGU, que na semana anterior havia classificado o noticiário sobre as despesas com cartões como a "escandalização do nada".
-É verdade: até o Jorge Hage!


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