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Polícia vai indiciar filho de Sarney
PF só aguarda formalidades de governos estrangeiros para intimar empresário por evasão de divisas
Fernando Sarney nega que
tenha cometido crimes ou
irregularidades fiscais e
diz que não irá comentar
as operações no exterior
ANDREZA MATAIS
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal se prepara
para indiciar o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), pelo crime de evasão de divisas, em um dos inquéritos da Operação Faktor
(ex-Boi Barrica) que ainda faltam ser concluídos.
A PF e o Ministério Público
Federal, com a autorização da
Justiça, rastreiam contas da família Sarney em diversos cantos do mundo. Conforme a Folha revelou nos últimos dias, as
autoridades brasileiras já receberam a confirmação dos governos da China e da Suíça de
que Fernando fez transações
milionárias nesses países.
A PF agora aguarda apenas
formalidades dos governos estrangeiros para intimar Fernando Sarney a depor e indiciá-lo por evasão de divisas, entre
outras possibilidades relacionadas a crimes financeiros.
O empresário nega que tenha
cometido crimes ou irregularidades fiscais. Sobre as operações financeiras no exterior, ele
se recusa a comentar, alegando
que as investigações sobre o caso correm sob segredo de Justiça. Já seu pai, o senador José
Sarney, diz que o assunto se refere somente a seu filho.
No caso suíço, o governo local bloqueou uma conta do empresário no valor de US$ 13 milhões. As autoridades chinesas
confirmaram ao governo brasileiro que Fernando remeteu
para lá US$ 1 milhão a partir de
uma conta em nome de "offshore" nas Bahamas. Fernando,
seus familiares e amigos investigados na operação não declararam à Receita Federal contas
que possuem no exterior.
A investigação sobre as transações bancárias do filho do
presidente do Senado no exterior é um dos cinco inquéritos
abertos pela PF na Operação
Boi Barrica, renomeada Faktor.
No primeiro, foram analisadas as movimentações financeiras de uma factoring da família Sarney. No segundo, os
contratos comerciais e negociações do grupo Marafolia, que
a polícia aponta como pertencente a Fernando, mas registrado em nome de terceiros.
Há também um inquérito sobre suposto superfaturamento
e desvio de recursos de obras da
Valec (estatal vinculada ao Ministério dos Transportes). O
quarto é o da evasão de divisas.
O quinto foi arquivado pela PF
-tratava da suspeita de vazamento de informações sigilosas
do caso por um agente da Polícia Federal, mas não houve
comprovação do crime.
Nos dois primeiros inquéritos, Fernando Sarney foi indiciado pela PF por formação de
quadrilha, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e gestão
fraudulenta de instituição financeira. Sua mulher, Teresa,
também foi indiciada por formação de quadrilha, lavagem
de dinheiro e crime contra o
sistema financeiro.
O Ministério Público Federal, contudo, pediu à polícia novas diligências nos dois primeiros inquéritos. Em relação ao
da Valec e ao da evasão de divisas, a PF ainda precisa relatá-los (indiciar ou não os investigados).
Assim, o Ministério Público
ainda não ofereceu denúncia
contra nenhum dos suspeitos.
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