São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

"Los hermanos"

O "Bom Dia Brasil" falou em US$ 10 bilhões. Início da noite e Fátima Bernardes, também na Globo, fez o custo saltar para cifra mais espantosa, R$ 50 bilhões.
É "o polêmico gasoduto que corta a América do Sul" e no qual Hugo Chávez "quer enterrar os dólares que jorram do petróleo venezuelano".
É "uma obra caríssima que vai pôr o Brasil dependente da Venezuela". E tem mais, o projeto "exclui a Bolívia".
Como se vê, a emissora não quer saber de gasoduto nem de nada com Argentina, Venezuela, Bolívia. "Los hermanos", como se ouviu pela manhã.
Para registro, também a Fiesp não quer, ao menos Roberto Giannetti da Fonseca, entrevistado na Globo.
E mais tarde, na Globo News, lá estava David Zylberstein, também ex-integrante do governo FHC, ex-Agência Nacional de Petróleo.
 
Para contraponto, o site do argentino "La Nación" dizia, em manchete, que "Kirchner, Lula e Chávez reforçam alianças" e "somarão a Bolívia ao projeto do gasoduto".
No site do "Wall Street Journal", em despacho da Dow Jones, "Líderes dizem que o gasoduto é viável", com declarações de Celso Amorim.
No "Guardian" e no serviço mundial da BBC, antes do encontro dos três, um registro para o estabelecimento de "Um novo eixo de poder" na América Latina, à esquerda.
E com "a formação de novas alianças entre eles mesmos e com a futura superpotência que é a China".
 
A agência AP, nos sites de "New York Times" e "Washington Post", foi em outra direção, destacando que "os EUA estão flexionando os músculos no quintal" -e realizando acordos bilaterais que "envenenam os latino-americanos".
Era referência a Colômbia e Peru e provavelmente Equador, cujos acordos com os EUA estão levando ao confronto com Venezuela e Bolívia.
Bolívia que reafirmou ontem à Dow Jones, por meio de seu ministro de finanças, que poderá deixar a Comunidade Andina e "buscar uma maior integração com o Mercosul".
Também o "Financial Times" tratou de sublinhar ontem o "envenenamento" dos latinos sob o título "Políticas bolivianas elevam a tensão no Brasil", referência à eventual expulsão da empresa EBX.

Reprodução

AUDIÊNCIA Foi uma hora ao vivo em programas como "Brasil Urgente" e "SPTV", na entrada do estádio do Palmeiras, com câmeras nas ruas e do helicóptero -e José Luiz Datena narrando "agora chutaram o policial", "estão atirando bomba de efeito moral", "pedra na polícia", "é um absurdo". Quando a equipe do próprio "Brasil Urgente" relatou "um soco na cara do cinegrafista", a resposta foi: - Pode sair... Mas é a nossa profissão...

A irmã de Freddy
Em destaque na home page do "Financial Times" e também no argentino "La Nación", "Anne Krueger deixa FMI".
Ela é a número 2 do Fundo desde setembro de 2001 -e foi "dura", como sublinhou o "FT", durante as crises de Argentina, Brasil e Tuquia.
Na Argentina, tornou-se uma celebridade ou coisa parecida. Era mencionada à época, pela imprensa de Buenos Aires, como "a irmã mais malvada de Freddy Krueger".

Em vigília
Após semanas no ataque contra os sem-terra, a Globo ameaçou trégua, no julgamento de um acusado da morte de Dorothy Stang. Do repórter no Pará, início da noite:
- Aqui na praça em frente ao tribunal, religiosos, trabalhadores rurais e movimentos sociais estão em vigília.
E na escalada do "JN", "14 meses depois e mais um acusado da morte de Dorothy Stang é condenado no Pará".

"Showman"
George W. Bush escolheu Tom Snow, âncora e comentarista da ultraconservadora Fox News, para porta-voz. Do "New York Times" ao Noblog, a visão é que Snow vai buscar relação direta com as câmeras, passando por cima dos jornalistas:
- Snow é um "showman" e ganhou a vida num mundo em que o êxito depende do talento de provocador.

Campanha
Por outro lado, no principal blog de jornalismo dos EUA, de Jim Romenesko, o editor-chefe do "New York Times", Bill Keller, denunciava ontem uma "campanha da Casa Branca para intimidar a imprensa", levando os repórteres seguidamente para os tribunais.
Os alvos seriam o "NYT", o "Washington Post" e "todos aqueles que tentam enxergar o que existe por trás da guerra contra o terror" -ainda que com certo atraso.

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