São Paulo, domingo, 27 de abril de 2008

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Bonde do Kassab

Depois de fechar com o PMDB, Gilberto Kassab (DEM) cuida de agregar outras siglas à sua aliança reeleitoral. Na contramão do otimismo manifestado pelos petistas em relação ao PR, o entorno do prefeito de São Paulo dá como certo um acordo com o partido. Já estariam garantidos também o PV e o PRB. Tempo de TV não é mais problema, graças ao apoio peemedebista, mas o acréscimo de outras siglas à coligação representa, no mínimo, redução de oferta para os adversários Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB).
Outra aposta de Kassab é na manutenção da candidatura de Aldo Rebelo (PC do B), o que inviabilizaria uma das possibilidades de aliança de Marta. Quanto a Alckmin, ficaria limitado ao PTB -e há quem diga que mesmo este parceiro pode lhe escapar.



Data, hora e local. O acordo Quércia-Kassab foi fechado no dia 13 de abril, um domingo, em encontro realizado a partir das 20h30 na casa do ex-governador.

No escuro. Por mais de uma semana depois disso, o PT seguiu pensando que, embora Quércia também conversasse com Kassab, Marta era sua opção preferencial.

Yes I can. A quem lhe diz que a campanha será muito difícil, dada a escassez de recursos e de aliados, Alckmin responde em tom convicto que "Serra vai ter que ajudar". E que, no segundo turno, o resto virá por inércia.

Gelada. Comentário de um observador diante do veto do PT nacional à aliança do prefeito de Belo Horizonte com Aécio Neves: "O Pimentel virou o Alckmin mineiro".

Figurino. "O Aécio insistiu tanto nessa história de "Minas isso, Minas aquilo'", diz um tucano de bico afiado, "que é capaz de o discurso colar em 2010. Só que talvez o beneficiado seja o Patrus Ananias".

Superpoderosas. João Santana acumulará a campanha de Marta Suplicy em São Paulo com a da também petista Gleisi Hoffman em Curitiba. O marqueteiro do prefeito Beto Richa (PSDB), que disputará o segundo mandato, será Nelson Biondi, que em 2002 fez a campanha de José Serra à Presidência.

Vamos fazer. Lula voltou da África determinado a retomar a discussão no governo sobre o fundo soberano. Disse a auxiliares que o país precisa do instrumento para estimular a exportação de serviços e financiar a expansão de empresas brasileiras no exterior.

Elevação. Quem estava perto jura que ouviu FHC cantarolar baixinho o Mendelssohn executado na missa pelo primeiro aniversário de d. Odilo Scherer como arcebispo.

Próximo alvo. Depois de Paulo Renato, os governistas na CPI mista dos Cartões vão para cima de Moreira Franco, também ex-ministro de FHC. O TCU questionou a prática do peemedebista de ir nos fins de semana para o Rio com passagens custeadas, mas sem diárias, o que descaracterizaria viagem de trabalho.

C.q.d. Uma semana depois da alardeada abertura dos dados do TCU sobre gastos secretos, governistas e oposicionistas concordam no diagnóstico: o que mais há ali são miudezas sobre uso irregular de cartões e contas tipo B. Nada que abale a República.

Só em 2009. Ainda não começou a fase de depoimentos no processo do mensalão. Fechadas as listas dos réus, são mais de 500 pessoas a serem ouvidas no país. Advogados estimam que o ano acabará sem que todas as testemunhas tenham sido ouvidas.

Quem paga? As custas do processo, inclusive deslocamento de advogados para interrogar testemunhas em vários Estados, correm por conta dos réus. "Como esse pessoal vai pagar honorários?", pergunta um dos defensores.

Tiroteio

Ao jogar contra Aécio na eleição municipal deste ano, a cúpula do PT mostra que já tem preferência pelo adversário na sucessão presidencial de 2010: José Serra.

Do deputado NÁRCIO RODRIGUES (PSDB-MG), sobre o veto da cúpula petista à aliança com os tucanos em Belo Horizonte.

Contraponto

Choque cultural

O ex-deputado José Carlos Fonseca Júnior, diplomata de carreira hoje encarregado de negócios na embaixada na Índia, esteve recentemente no Brasil para acompanhar a visita da presidente Pratibha Patil. Um dos compromissos dela era uma visita ao Congresso, que estava abarrotado em razão da marcha dos prefeitos.
Fonseca Júnior entrava no Senado com a presidente quando foi abordado por um prefeito do Espírito Santo.
-Ô, Zé Carlinhos!-, saudou o político, todo animado.
E, diante da figura feminina vestida com trajes típicos hindus, não teve dúvida e mandou a pergunta:
-Quem é essa embrulhadinha aí do seu lado?


Próximo Texto: Cidades que mais desmatam lideram crimes na Amazônia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.