São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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Congressista recua e agora defende regular cota

ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Voz até aqui mais eloquente em defesa da manutenção das passagens aéreas para parentes dos congressistas, o deputado Silvio Costa (PMN-PE) fez, ontem, um mea-culpa. Disse ter percebido "nas ruas" que sua posição estava em "desacerto" com a opinião pública e prometeu até fazer campanha pelo fim do privilégio.
"Estou abrindo o meu coração. Estive nas ruas, visitei shoppings e percebi que a opinião pública não estava assimilando a nossa tese. Algumas pessoas me disseram: "O senhor está equivocado'", conta.
Semana passada, o parlamentar fez uma defesa inflamada das passagens para familiares. Afirmou: "Quer dizer que agora eu venho para Brasília e minha mulher fica lá? Assim vocês querem que eu me separe. É preciso acabar com essa hipocrisia".
Ao lado de colegas do chamado baixo clero, Costa protestou contra a decisão do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), de restringir a emissão de bilhetes ao deputado e a um assessor credenciado. Após a chiadeira, Temer recuou e decidiu submeter a decisão ao plenário.
Alguns deputados, entre eles o próprio Silvio Costa, defenderam então a apresentação de uma emenda liberando as passagens para mulheres e filhos menores de idade para viagens entre Brasília e o Estado de origem do parlamentar.

Votação
Ele desistiu da ideia: "Liguei ontem para o Temer e disse que ia parar de ajudar a construção dessa emenda. Desde ontem [sábado], venho ligando para os parlamentares [para tentar convencê-los a desistir da emenda]. Vou propor, inclusive, votação nominal".
A votação do projeto de resolução, com ou sem emenda, está marcada para amanhã.
Costa disse que mudou de opinião quando surgiram suspeitas de que deputados venderam passagens de sua cota. "Essa coisa nojenta me fez refletir. Deputado que vendeu passagem não deve só ser cassado, tem que estar preso."
Não que o congressista tenha mudado totalmente de ideia ("Deputados, principalmente os mais velhos, precisam ter a esposa por perto"), mas, segundo ele, é hora de o Congresso fazer uma "sinergia" com a opinião pública".


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