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Planalto alertou base aliada sobre fraudes no Turismo
Partidos foram avisados de "movimentação estranha de emendas" para liberação de verbas a festas feitas por ONGs
Órgãos de controle apuram corretagem, propina e uso de notas frias em eventos realizados por organizações contratadas pelo ministério
FERNANDA ODILLA
DIMMI AMORA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto alertou
os principais líderes de partidos aliados sobre "problemas"
com emendas parlamentares
para festas no Ministério do
Turismo e sugeriu também que
os deputados transformassem
as indicações em obras de infraestrutura.
O recado foi dado em fevereiro, uma semana antes do Carnaval, quando havia pedidos de
liberação de recursos para festas no período. O líder do governo na Câmara, Cândido
Vaccarezza (PT-SP), confirmou que o alerta foi dado pelo
ministro Alexandre Padilha
(Relações Institucionais), em
reunião com as lideranças.
"Alertaram-nos sobre os problemas de falta de recursos para avaliar os projetos e fiscalizar. E também sobre os problemas que estavam sendo apurados", disse o líder do PSC, deputado Hugo Leal (RJ). Padilha
não quis comentar o assunto.
No encontro, o governo avaliou que o volume de emendas e
recursos para festas havia crescido de forma desproporcional
e disse que ONGs estavam ocupando o lugar dos municípios
na lista de maiores beneficiados. Ao contrário das prefeituras, entidades não têm de fazer
licitação para contratar fornecedores e organizar eventos.
Conforme a Folha revelou,
órgãos de controle suspeitam
de fraudes com recursos do Turismo, que vai auditar festas
feitas com verba repassada a
ONGs por meio de emendas.
Em diferentes Estados, ainda de forma descentralizada, o
Ministério Público Federal, a
Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União investigam
se há corretagem de emendas
parlamentares, pagamento de
propina a quem autoriza os pagamentos e uso de notas fiscais
frias -esquema que lembra o
escândalo da máfia dos sanguessugas, de 2006.
O próprio Ministério do Turismo tem municiado investigadores com documentos. Em
Minas Gerais, por exemplo, foi
montada força-tarefa para auditar notas de festas suspeitas.
Das 50 ONGs que mais receberam verbas da pasta para festas, a Folha apurou que 26 têm
relação com políticos ou partidos e foram beneficiadas por
emendas de nove deputados.
As emendas respondem por
78,5% do orçamento total de
R$ 4,2 bilhões do Turismo. A
primeira tentativa do governo
em reduzir as emendas para
festas foi no Orçamento de
2010, quando foi reduzida à
quase metade os R$ 1,37 bilhão
inicialmente indicados, chegando aos R$ 798 milhões.
Poucos congressistas já alteraram a destinação das emendas, o que levou o governo a enviar projeto de lei que retira
quase 60% dos recursos para
festas e os coloca em obras.
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