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SISTEMA FINANCEIRO
Senadores criticam ação de Chico Lopes e determinam devassa também para sócios da Macrométrica
CPI vê "confissão de culpa" e quebra sigilo
da Sucursal de Brasília
A decisão do
ex-presidente
do Banco Central Francisco
Lopes de não assinar o termo de
compromisso
para depor na
CPI dos Bancos foi vista por senadores como uma "confissão de culpa". A primeira reação da CPI
aconteceu poucas horas depois: os
senadores quebraram os sigilos
bancário, fiscal e telefônico de Lopes -que também teve os bens
tornados indisponíveis.
A medida também atinge os sócios da consultoria Macrométrica,
inclusive sua mulher, Araci Pugliese. Papéis apreendidos na casa de
Lopes sugerem que ele mantinha
relação com a empresa, que ajudou a fundar mas da qual teria se
desligado para entrar no Banco
Central, em janeiro de 95.
Na avaliação dos senadores, Lopes demonstrou "ter dificuldade
para esclarecer os fatos nos quais
está envolvido" e aparece como
suspeito -conta de US$ 1,675 milhão supostamente existente no
exterior e exercício de dupla função, como diretor e presidente do
BC e proprietário, de fato, da consultoria Macrométrica.
Ao se negar a depor, segundo o
vice-presidente da CPI, José Roberto Arruda (PSDB-DF), os senadores ganharam mais um motivo
para aprovar a quebra dos sigilos.
"Quando tomou essa decisão, ele
fez o haraquiri", afirmou o senador Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), presidente do Congresso Nacional e um dos principais
aliados do presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Com isso, disse ele, Lopes mostrou que é um homem que praticou atos sobre os quais têm dificuldade em se explicar.
O haraquiri é uma modalidade
de suicídio popularizada pelos antigos guerreiros japoneses em que
a pessoa rasga o ventre com uma
faca ou um sabre.
Arruda, único membro do partido do presidente Fernando Henrique Cardoso na cúpula da CPI, disse que "a decisão de Lopes prejudica o esclarecimento dos fatos e representa uma confissão de culpa".
Segundo ele, que fez um apelo
para que o ex-presidente do BC assinasse o termo de compromisso, a
atitude de Francisco Lopes foi "um
desrespeito para com os senadores."
"Passou recibo"
O senador Jader Barbalho
(PMDB-PA), autor do requerimento da CPI dos Bancos, disse
que "sua atitude (de Lopes) mostra
desde já que há um julgamento definitivo de que são procedentes as
acusações" sobre o envolvimento
do economista em supostas irregularidades durante a mudança da
política cambial -ocorrida em 13
de janeiro deste ano.
"Ele (Lopes) acabou de passar recibo porque teme ser enquadrado
pela falta da verdade", afirmou
Barbalho. "Os trabalhos da comissão vão prosseguir sem o depoimento dele", disse.
Hoje à tarde, a CPI ouvirá o depoimento de Cláudio Mauch, ex-diretor de Fiscalização no BC que
deixou o cargo em janeiro.
Os senadores tomaram a decisão
de quebrar os sigilos fiscal, bancário e telefônico numa reunião com
ACM. Até o fechamento dessa edição, a decisão estava sendo apenas
formalizada numa reunião dos integrantes da comissão.
Arruda disse que Lopes não deverá ser convocado outra vez porque os senadores não podem obrigá-lo a falar.
O senador afirmou que Lopes
"abriu mão do processo político, já
se considera condenado e vai deixar correr o processo criminal" já
aberto na Justiça. Ele disse que a
decisão do ex-presidente do BC
"foi uma manobra previamente
arquitetada por seus advogados.
Ele fez a opção por responder na
área penal."
Para o senador Eduardo Suplicy
(PT-SP), "o depoimento de Lopes
na CPI seria fundamental" para esclarecer os fatos que estão sendo
investigados: a venda de dólares
para os bancos Marka e FonteCindam abaixo da cotação do mercado devido a problemas decorrentes da desvalorização e as denúncias de que havia vazamento de informações da mudança cambial.
Agora, disse Suplicy, a CPI precisa reunir elementos para aprovar,
no futuro, a convocação do ministro da Fazenda, Pedro Malan, para
prestar depoimento aos senadores.
"Quando o advogado disse que
pediria anulação das provas, eu
concluí que ele (Lopes) era culpado. Quem é inocente não precisa
anular provas", afirmou o senador
João Alberto (PMDB-MA), relator
da CPI dos Bancos.
Segundo ele, seu parecer será enviado ao Ministério Público ao final dos trabalhos da comissão.
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