São Paulo, Terça-feira, 27 de Abril de 1999
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COMANDO
Presidente do Congresso disse que Senado não seria desmoralizado no episódio
ACM diz que Lopes fez haraquiri

da Sucursal de Brasília

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), assumiu uma espécie de comando paralelo da sessão que culminou na prisão de Francisco Lopes e disse que o Senado não seria desmoralizado no episódio. Ele chamou de "moleque" um dos advogados do ex-presidente do Banco Central.
ACM já havia comparecido a sessões da CPI dos Bancos, mas dessa vez não quis ficar na mesa da presidência, como fez no depoimento do presidente do BC, Armínio Fraga. Dessa forma,evitou sentar-se ao lado de Lopes.
Mesmo do plenário, ACM se fez presente na sessão e influenciou os trabalhos do presidente da CPI, Bello Parga (PFL-MA).
Ele impediu que Parga suspendesse a sessão durante cinco minutos para analisar a situação que Lopes criou ao não aceitar depor como testemunha.
"De jeito nenhum", disse ACM, fazendo sinal de negativo com o indicador para o presidente da CPI. Parga hesitou por alguns segundos, mas voltou atrás na decisão de suspender a sessão.
Depois, ACM pediu a palavra para aconselhar -em tom de ameaça- Lopes a depor como testemunha, com o compromisso de dizer apenas a verdade.
"Faço um apelo a Vossa Senhoria para tomar uma decisão mais concedânea (sic) com o momento em que estamos vivendo. Do contrário, Vossa Senhoria vai prestar um desserviço ao povo e a Vossa Senhoria também."
ACM disse que, se Lopes tomasse decisões para tumultuar o processo de investigação, ele só iria ser prejudicado.
Depois de a prisão de Lopes ter sido decretada, ACM irritou-se com o advogado do ex-presidente do BC, Luiz Guilherme Vieira, chamando-o de "moleque" e batendo na mesa. "Tire esse moleque daqui", disse à segurança.
O advogado irritou ACM ao tentar falar assim que foi decretada a prisão de Lopes. Parga negou a palavra ao advogado e ACM mandou que ele fosse retirado do plenário.
Mais tarde, Vieira queixou-se ao relator da CPI, João Alberto (PMDB-MA), por ter sido chamado de "moleque" por ACM.
"Não saí de lá (do plenário) por minha livre e espontânea vontade. Saí de lá expulso, arrancado como se não fosse um advogado", disse Viera.
O advogado disse que tinha direito de ficar sentado ao lado de seu cliente. "(Lopes) não teve sequer o direito de ter ao seu lado, como quer a lei, o seu advogado. Isso nem na época das trevas, nem na época da ditadura aconteceu."
Depois da sessão, ACM foi irônico com a negativa de Lopes em depor. "Quando tomou essa decisão, ele fez o haraquiri."


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