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SISTEMA FINANCEIRO
Presidente divulga nota em que afirma ter esperado que o ex-presidente do BC "prestasse contas" ao país
FHC se diz "surpreso e decepcionado"
da Sucursal de Brasília
O presidente
Fernando Henrique Cardoso
se disse "surpreso e decepcionado" com o comportamento do
ex-presidente
do Banco Central Francisco Lopes,
que acabou preso por recusar-se a
assinar termo de compromisso antes de seu depoimento na CPI dos
Bancos.
Em nota oficial, lida pelo porta-voz-adjunto da Presidência, Georges Lamazière, FHC disse que "esperava que o senhor Francisco Lopes prestasse contas ao país de
seus atos como agente público".
"Ele (Lopes) deixou de cumprir
com essa obrigação hoje (ontem)
perante o Senado Federal."
No final da nota, o presidente fala da continuidade das investigações, quer pela CPI no Senado,
quer pela Justiça. "A solidez das
instituições democráticas do país
assegura a plena apuração dos fatos", concluiu a nota, divulgada às
19h30.
O presidente redigiu a nota na
companhia do coordenador político do governo, ministro Pimenta
da Veiga (Comunicações). Antes,
recebeu telefonema do presidente
do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), em que foram relatadas as providências que estavam sendo adotadas pela CPI.
ACM ligou para o Planalto ao final da sessão da CPI, disse que Lopes tinha cometido um "erro grave" e, por isso, "a unanimidade do
Congresso ficou contra ele (Lopes)". ACM argumentou ainda
que não podia "deixar o Senado ficar desmoralizado". FHC disse a
ACM, segundo o senador, que "estranhou e deplorou" a atitude do
ex-presidente do BC. O senador
afirmou que "o governo não tem
culpa, mas pega a rebarba".
Com os franceses
FHC não acompanhou o início
da sessão da CPI, quando Lopes recebeu voz de prisão. No momento,
o presidente estava recebendo a diretoria do grupo francês Alstom,
ligado à produção de energia e ao
setor de transportes, que veio
anunciar a continuidade dos investimentos no país.
Assessores do presidente afirmaram que "não há hipótese" de ele
ter tido qualquer contato com
Francisco Lopes antes do depoimento do ex-presidente do BC e,
por isso, ter conhecimento da estratégia montada pelo advogado.
Já anteontem à noite, Fernando
Henrique Cardoso havia manifestado a ACM preocupação com a
possibilidade de convocação do
ministro da Fazenda, Pedro Malan, para depor na CPI.
FHC receia que os rumores sobre
uma suposta convocação de Malan
possam afetar a credibilidade do
país no exterior. "O presidente não
quer que fatos inexistentes prejudiquem as negociações que estão
sendo feitas", disse ACM.
Segundo relato do senador, o
presidente "sabe" que uma CPI
pode "distorcer a imagem do
país", tratando de assuntos "que
não são de interesse público".
"O presidente deseja que se apure tudo, mas deseja que o assunto
não permaneça tanto na mídia,
com informações que não sejam
verdadeiras, atrapalhando as negociações do país lá fora", disse.
No encontro, os dois conversaram sobre os rumos das CPIs dos
Bancos e a do Judiciário e a pauta
do Congresso. O presidente não
quer que as CPIs paralisem as atividades do Congresso. Ele defende, segundo ACM, uma "agenda
positiva", com a retomada de discussões e votações dos projetos de
interesse do governo.
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