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NO AR
Cadeia
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
A Globo, como esperado,
não transmitiu a sessão da
CPI nem a prisão, ao contrário
de Bandeirantes e Record.
Entrou depois de quase meia
hora com um registro, mas a
partir daí se esforçou o quanto
pôde, estrelada pelo lendário
Alexandre Garcia.
Apresentou imagens de
Francisco Lopes ao ouvir a
"ordem de prisão"; ao ter os
advogados empurrados para
fora da sala; ao ser levado ele
próprio; no empurra-empurra
dos corredores do Senado; ao
sair escoltado num camburão
pelas ruas de Brasília.
A prisão do ex-presidente do
Banco Central foi espetáculo
para a TV. Incitou as redes a
tratarem Lopes como atração
de programa policial, como
num Aqui Agora.
Personagens inesperados,
como Heloísa Helena, petista,
destacaram-se na encenação
desde logo. Foi dela o grito,
quando Lopes confirmou que
não iria mesmo assinar um
compromisso de -ao depor-
dizer a verdade:
- Esteja preso!
Foi ela, ao lado do também
petista Eduardo Suplicy, quem
pressionou o presidente da
CPI e acabou arrancando a
prisão de Lopes.
Também protagonista, ele
que volta aos poucos à boca de
cena, Alexandre Garcia seguiu
os passos de Lopes até o prédio
da Polícia Federal. E mais os
depoimentos, testemunhas,
tudo sobre "o acusado", como
Garcia afirmou, "de desacato
à autoridade".
Um último protagonista foi,
claro, ACM. Por sinal, a Globo
só foi cobrir o espetáculo após
Lopes negar um pedido, um
"apelo" do senador baiano, na
CPI. Disse ACM:
- Eu faço um apelo a Vossa
Excelência. Assine o termo. Do
contrário, Vossa Excelência
vai forçar um desserviço a
Vossa Excelência.
O desserviço que Francisco
Lopes prestou a si mesmo foi
ser levado, sob holofotes, à
"cadeia", no dizer do Jornal
Nacional.
E-mail: nelsonsa@folhasp.com.br
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