São Paulo, Terça-feira, 27 de Abril de 1999
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NO AR
Cadeia

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

A Globo, como esperado, não transmitiu a sessão da CPI nem a prisão, ao contrário de Bandeirantes e Record.
Entrou depois de quase meia hora com um registro, mas a partir daí se esforçou o quanto pôde, estrelada pelo lendário Alexandre Garcia.
Apresentou imagens de Francisco Lopes ao ouvir a "ordem de prisão"; ao ter os advogados empurrados para fora da sala; ao ser levado ele próprio; no empurra-empurra dos corredores do Senado; ao sair escoltado num camburão pelas ruas de Brasília.
A prisão do ex-presidente do Banco Central foi espetáculo para a TV. Incitou as redes a tratarem Lopes como atração de programa policial, como num Aqui Agora.
Personagens inesperados, como Heloísa Helena, petista, destacaram-se na encenação desde logo. Foi dela o grito, quando Lopes confirmou que não iria mesmo assinar um compromisso de -ao depor- dizer a verdade:
- Esteja preso!
Foi ela, ao lado do também petista Eduardo Suplicy, quem pressionou o presidente da CPI e acabou arrancando a prisão de Lopes.
Também protagonista, ele que volta aos poucos à boca de cena, Alexandre Garcia seguiu os passos de Lopes até o prédio da Polícia Federal. E mais os depoimentos, testemunhas, tudo sobre "o acusado", como Garcia afirmou, "de desacato à autoridade".
Um último protagonista foi, claro, ACM. Por sinal, a Globo só foi cobrir o espetáculo após Lopes negar um pedido, um "apelo" do senador baiano, na CPI. Disse ACM:
- Eu faço um apelo a Vossa Excelência. Assine o termo. Do contrário, Vossa Excelência vai forçar um desserviço a Vossa Excelência.
O desserviço que Francisco Lopes prestou a si mesmo foi ser levado, sob holofotes, à "cadeia", no dizer do Jornal Nacional.

E-mail: nelsonsa@folhasp.com.br


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