São Paulo, domingo, 27 de maio de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Mina terrestre

A pressa dos padrinhos de Silas Rondeau em removê-lo da pasta de Minas e Energia não se deveu apenas à acusação de que o ex-ministro teria recebido propina da empreiteira Gautama. O maior temor dos peemedebistas é que o avanço das investigações da Polícia Federal revele o importante papel que o "técnico" Rondeau cumpriu na arrecadação de dinheiro para candidatos do partido nas eleições de 2006.
No rol de documentos da Operação Navalha, a PF tem um pedido de Rondeau para que Zuleido Veras, dono da empresa, entregue recursos a uma lista de candidatos peemedebistas por intermédio do ex-líder da bancada na Câmara Wilson Santiago (PB).

Trilha. A PF investiga a informação de que Zuleido Veras teria ido ao Planalto outras vezes além da relatada pelo governador e ex-ministro Jaques Wagner (PT-BA). Haveria ainda registros de entradas do lobista do setor elétrico Sérgio Sá no palácio.

Pró-ativo. Senadores próximos a Renan Calheiros (PMDB-AL) afirmam que a participação do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, na campanha de Alagoas em 2006 foi ainda mais intensa que a do lobista Cláudio Gontijo, da Mendes Júnior.

Marcados. O veto a que dois executivos da Eletronorte ligados a José Sarney (PMDB-AP) assumissem o lugar de Silas Rondeau atende por um nome: Engevix Engenharia. A empreiteira, há anos dominante nas obras do setor elétrico, está ligada à segunda fase da Operação Navalha.

Sem controle. O TCU não dispõe de nenhum mecanismo de averiguação de conduta de seus membros. O corregedor do órgão é o ministro Guilherme Palmeira, parente de Fátima Palmeira, diretora da Gautama, e citado em várias conversas de integrantes da quadrilha flagrada pela PF.

Sem mimos. Pedido do líder do PR na Câmara, Luciano Castro (RR), ao ministro das Relações Institucionais, em tempo de paranóia no Congresso: "Walfrido, você me mandou aquela lata de goiabada, mas por favor não me mande mais nada!".

De leve 1. A "flexibilização da CLT" em estudo no governo -e já mencionada por Lula- prevê a criação de regimes especiais para categorias específicas, nos moldes da legislação aprovada para empregados domésticos.

De leve 2. De acordo com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a lista das atividades que serão alvo do projeto ainda não está definida. "Vamos apenas ajustar a relação entre capital e trabalho", afirma.

Tubo de ensaio. Circula no Palácio do Planalto idéia para ser usada caso Marta Suplicy consiga se preservar para vôo mais alto em 2010: fazer do ministro da Educação, Fernando Haddad, o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo no ano que vem.

Inflamado. Escalado para tentar apagar o incêndio entre o governo Serra e os alunos que invadiram a reitoria da USP, o secretário estadual da Justiça, Luiz Antonio Guimarães Marrey, foi dirigente estudantil na faculdade de direito da mesma universidade no fim da década de 70. Ali, os adversários de direita o chamavam de "pulga vermelha".

Termômetro. Em pesquisa telefônica realizada para o governo paulista, 64% dos entrevistados na capital se manifestaram contrários à invasão da reitoria, e 22%, a favor. O restante não opinou.

Memória. Por iniciativa do senador José Sarney e de amigos, será celebrada amanhã em Brasília missa em memória de Octavio Frias de Oliveira, publisher da Folha, morto no dia 29 de abril passado. A cerimônia acontecerá às 17h na igreja São Pedro de Alcântara, localizada no Lago Sul.

Tiroteio

A frase de Jaques Wagner se ajusta de forma perfeita a este momento estapafúrdio que estamos vivendo na política nacional.


Do senador JARBAS VASCONCELOS (PMDB-PE) sobre o governador da Bahia, que atribuiu a uma "cervejinha" o fato de ter "esquecido" que a lancha na qual passeou com a ministra Dilma Rousseff no final de 2006 pertencia a Zuleido Veras, dono da empreiteira Gautama.

Contraponto

Duplo sentido

Paulo Maluf (PP-SP) tem o hábito de cumprimentar efusivamente os colegas nos corredores da Câmara, muitas vezes para constrangimento dos que no passado lhe fizeram oposição aguerrida. Recentemente foi a vez de Ricardo Tripoli (PSDB-SP), ex-deputado estadual que exerce seu primeiro mandato em Brasília. Sabedor da ligação do tucano com a questão ambiental, Maluf disparou:
-E aí, Tripoli, como vai o nosso verde?
Pouco depois Maluf se foi. Lembrando dos processos por desvio de recursos públicos enfrentados pelo ex-prefeito, um deputado que tudo ouvira perguntou a Tripoli:
-De que verde você acha que ele está falando?


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