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Para PF, dinheiro do esquema teria comprado farmácia em SP
Documento apreendido em computador de ex-assessor do deputado Paulinho aponta gasto de R$ 426,7 mil para aquisição de uma drogaria no interior
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal apontou,
em relatório enviado à Justiça
Federal, que João Pedro de
Moura, consultor da Força Sindical e ex-assessor do deputado
federal Paulo Pereira da Silva, o
Paulinho (PDT-SP), adquiriu,
na época em que ocorreram supostos desvios de recursos do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), uma farmácia avaliada
em R$ 426,7 mil no interior de
São Paulo.
Moura está preso desde o último dia 24 de abril. "[A] farmácia foi adquirida em março de
2008 por João Pedro de Moura
possivelmente com recursos
provenientes de sua porcentagem no "Esquema do BNDES'",
apontou a PF. O contrato foi assinado em nome da mãe do
consultor, que passou a ser dona da Gramfarma Comercial,
localizada em São Sebastião da
Grama (SP).
"O preço total acertado para
a compra da farmácia foi de
R$ 250 mil mais R$ 176,7 mil
correspondente ao estoque
existente. No ato da assinatura
[do contrato] já foram pagos
R$ 50 mil. O período corresponde às entradas dos recursos
desviados dos financiamentos", concluiu o relatório da PF.
A polícia encontrou a cópia
do contrato no computador
pessoal de Moura. No mesmo
disco rígido a PF apreendeu a
minuta de um ofício datado de
março de 2007 e que deveria
ser assinado pelo deputado federal Paulinho como presidente da central Força Sindical.
No ofício, endereçado ao ministro do Desenvolvimento e
Comércio Exterior e presidente do conselho de administração do BNDES, Miguel Jorge,
Paulinho anunciava o pedido
de exoneração de Moura do
cargo de conselheiro do banco,
ocupado por ele desde julho de
2002, e a indicação do advogado Ricardo Tosto.
No entender de policiais que
atuam no caso, o fato de Moura
escrever um ofício que Paulinho deveria assinar demonstra
o grau de confiança do congressista em Moura.
Quebra de sigilo
Em outro computador, do
consultor de empresas Marcos
Vieira Mantovani, a PF apreendeu um e-mail enviado a ele pela secretária do advogado Ricardo Tosto que, segundo a polícia, caracterizou a quebra de
sigilo da investigação.
O e-mail foi enviado no dia 25
de março, um mês antes das
prisões. A secretária diz a Mantovani: "O dr. Ricardo pediu para o senhor tomar cuidado com
o telefone em virtude do inquérito policial". Um dia depois,
Mantovani respondeu: "Já estou tomando todas as precauções. Obrigado pelo aviso".
Os documentos arrecadados
pela PF indicam que as conversas entre Mantovani e Tosto remontam, pelo menos, a 2004.
Em e-mail enviado ao advogado em julho daquele ano,
Mantovani revela que havia interesse em buscar financiamento do banco para a montagem de uma fábrica de fécula de
mandioca "pertencente a Elias
e JP", que em outros momentos da investigação foi identificado como João Pedro de Moura. Em julho de 2004 Moura já
era conselheiro do BNDES.
Elias, segundo o consultor, seria um assessor parlamentar do
deputado Geraldo Vinholi
(PDT-SP). Mantovani citou
ainda uma "taxa de sucesso líquida", a ser decidida "em reunião".
(RUBENS VALENTE)
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