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Procuradores divulgam nota contra decisão de juiz
Defesa de Daniel Dantas usará decisão de Mazloum para tentar anular processos
Texto diz que telefonemas entre delegado, procurador e magistrado não são "motivo para lançar suspeição
sobre a lisura da conduta"
FLÁVIO FERREIRA
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Associação Nacional dos
Procuradores da República
(ANPR) divulgou ontem uma
nota contra trecho do despacho
do juiz federal Ali Mazloum sobre a existência de telefonemas
entre celulares e gabinetes do
delegado Protógenes Queiroz,
do procurador da República
Rodrigo de Grandis e do juiz federal Fausto De Sanctis na
Operação Satiagraha.
Segundo a nota, a realização
dos telefonemas "não é motivo
para lançar suspeição sobre a lisura da conduta destas autoridades públicas, uma vez que
tais contatos são necessários
para o esclarecimento acerca
de medidas requeridas no curso de investigações criminais".
O procurador De Grandis defendeu ontem a comunicação
entre autoridades nas apurações criminais. "Conversar
com o delegado que preside as
investigações é comum e regular. Enfim, o Ministério Público
é destinatário dessas investigações. Seria absurdo, irregular,
anormal, o fato de o procurador
ou o delegado conversarem
com o investigado", disse ele.
A decisão de Mazloum abriu
um processo criminal contra
Protógenes pelo suposto vazamento de informações sigilosas. No despacho, o juiz determinou o envio de ofícios ao
CNJ (Conselho Nacional de
Justiça) e ao Conselho Nacional do Ministério Público, para
que as autoridades sejam investigadas em virtude das ligações.
A defesa do banqueiro Daniel
Dantas, condenado por ter participado de tentativa de suborno de policiais federais que
atuaram na Satiagraha e investigado por supostos crimes financeiros no caso, informou
que usará a decisão de Mazloum para tentar anular a condenação e as investigações.
"Não só para ilustrar a ilegalidade da investigação, como
também para confirmar que a
acusação de corrupção é uma
fraude", afirmou Andrei
Schmidt, advogado de Dantas.
O juiz Mazloum informou
que não iria se manifestar sobre as afirmações da ANPR.
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