São Paulo, Quinta-feira, 27 de Maio de 1999
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PAINEL

Saída de sempre

Caciques do PMDB e do PFL não admitem publicamente, mas acham que FHC não se segura por mais três anos e meio com uma crise atrás da outra. Já há gente falando em desengavetar a emenda parlamentarista.

Governar é decidir

Mais cedo do que era esperado, FHC pronunciou a célebre frase: "Eu não disse?!". Referiu-se ao fato de Mendonção ter voltado à cena política. O presidente fez objeções à eleição dele para uma vice-presidência do PSDB. Poderia ter vetado, mas não é do seu estilo. Ficou no muro e dançou.

Que boa ""opportunity"!

PFL e PMDB se anteciparam a um eventual pedido de socorro de FHC e se ofereceram para defendê-lo no caso do grampo do BNDES. O discurso, que preserva o presidente mas não poupa Mendonção, foi acertado anteontem de manhã entre os principais caciques das duas siglas.

Indústria nacional

A CNI não ia divulgar pesquisa na qual FHC tem índices ruins. Como a notícia vazou, o presidente da entidade e líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, foi ontem ao Planalto. Como sempre divulga os levantamentos quando as taxas são boas, ficaria mal não fazê-lo agora. A CNI é chapa branca, mas tem de manter as aparências.

Vai sair caro 1

Covas perdeu com o vazamento do grampo do BNDES, pois bancou a volta de Mendonção. Mas, no curto prazo, ACM também, pois teve de se abraçar a FHC, com a popularidade em baixa. Como sempre, a fatura virá um pouco mais adiante.

Vai sair caro 2

O PMDB, um dos primeiros a defender FHC do grampo do BNDES, também diz contabilizar prejuízo. Foi para o espaço a imagem de independência que o partido tentou vender com a esquecida CPI dos Bancos.

A patota gostou

No mercado financeiro, o termo da moda é ""rocambólico". A expressão está nas fitas do grampo no BNDES. Foi usada por Lara Resende em uma conversa com Mendonção sobre ""comissão pra cá, comissão pra lá".

Paranóia federal

O mercado de equipamento antigrampo está quente. Um microchip, que mede variações de voltagem, virou objeto do desejo de executivos e de políticos. Mas tem um problema. Não funciona se o grampo for feito na central da companhia telefônica.

Brecha para investigar

A CPI da Telefônica, aberta pela Assembléia de SP, pode pedir a quebra de sigilo telefônico e bancário de pessoas envolvidas no grampo do BNDES. O relator é Jilmar Tatto, do PT, que não conseguirá emplacar CPI federal. Guerreiro, da Anatel, por exemplo, falará à comissão paulista.

Pensou duas vezes

Oficialmente, não estava decidido até ontem as 20h se FHC iria hoje à posse do novo presidente do STF, Carlos Velloso. Extra-oficialmente, cerimonial e segurança tinham tudo pronto, mas poderia haver um recuo.

Holofote garantido

Personagens do circuito collorido dizem que Collor vai deitar e rolar hoje na cerimônia de posse do novo presidente do STF, Carlos Velloso. Atacará a ética tucana, especialmente o fato de FHC ter tomado parte de consórcio na privatização das teles.

Internacional pefelista

Reeleitos para a direção do PFL, Bornhausen e o vice José Jorge receberam mensagem do PC chinês. O texto propõe "esforços mancomunados" para a consolidação das relações entre os dois partidos. Os chineses entendem de PFL. Mancomunar, em português, é conluio.

Visita à Folha

O presidente das Cervejarias Kaiser, Humberto Pandolpho Jr., visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado da gerente de Informação de Marketing, Lylian Brandão, e do assessor de imprensa, Sergio Ignacio.

TIROTEIO

De Jacques Wagner (PT-BA), sobre um trecho das fitas do grampo no BNDES no qual fala-se em ""bomba atômica" para se referir à possibilidade de se usar FHC para tomar partido de um dos consórcios na privatização das teles:
- Em um ponto, até o PT concorda com André Lara Resende e Mendonça de Barros. FHC é mesmo uma bomba atômica. Arrasou a economia, o emprego, as estatais, a agricultura...

CONTRAPONTO

Doçura de conveniência
Ex-secretário de Abastecimento da Prefeitura de São Paulo, Valdemar Costa Filho tinha fama de explodir. De vez em quando, dava uma bronca nos subordinados.
Valdemar Costa Neto, líder do PL na Câmara, presenciou certa vez uma atitude doce de seu pai numa situação na qual normalmente ele iria aos berros.
Dono de uma transportadora, Costa Filho decidiu demitir um motorista que acabara com um de seus caminhões após uma série de barbeiragens e de descuidos.
Chamou o cidadão e lhe deu uma bela gorjeta, além dos direitos trabalhistas.
- Pai, o sr. endoidou? Ele acaba com o caminhão é ainda ganha um prêmio.
Veio a explicação:
- Você viu aquele buraco no rosto dele?!
- Sim. Por quê?
- Era de um tiro que ele mesmo deu. Tentou o suicídio. Imagine só o que ele faria comigo!


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