|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Partidos aliados de FHC se unem para evitar investigação do leilão da Telebrás
Governo barra tentativa da
oposição de instalar CPI
LUCAS FIGUEIREDO
da Sucursal de Brasília
As tentativas da oposição de criar
uma CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) para investigar a privatização do Sistema Telebrás e de
abrir processo de impeachment do
presidente Fernando Henrique
Cardoso estão sendo sufocadas pela base governista no Congresso.
Ao contrário de outras ocasiões,
em que se desentenderam, os aliados estão coesos em defender FHC
e abafar a repercussão das novas
conversas grampeadas relativas à
privatização da Telebrás.
Ao apoiar o presidente, porém,
PFL e PMDB fizeram chegar a FHC
que não aceitarão uma possível
volta do ex-ministro Luiz Carlos
Mendonça de Barros (Comunicações) ao governo.
A oposição tenta criar a CPI e
abrir o processo de impeachment
depois que a Folha publicou anteontem transcrição da conversa
telefônica gravada entre FHC e o
então presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), André Lara
Resende. Na conversa, FHC autoriza Lara Resende a usar seu nome
para pressionar o fundo de pensão
dos funcionários do Banco do Brasil a entrar em um dos consórcios
participantes do leilão.
Até ontem à noite, a oposição
não havia conseguido o apoio de
um terço dos senadores (27) e dos
deputados (171), requisito para a
instauração da CPI mista da Câmara e do Senado. Deputados governistas estão sendo incitados pelos líderes de seus partidos a não
assinarem o pedido da oposição.
"Aqui somos minoria. Reconheço que está difícil. Estamos enfrentando a "operação abafa" do governo", afirmou o líder do PT na Câmara, José Genoino (SP).
Ontem, antes de receber a acusação por crime de responsabilidade
contra FHC, primeiro passo para o
processo de impeachment, Temer
disse que considera a representação "prematura e exagerada".
O presidente da Câmara não tem
prazo para se pronunciar sobre a
representação feita pelo PT, PSB,
PDT e PC do B, mas tende a rejeitá-la. Restará então à oposição recorrer ao plenário, onde o governo
tem maioria folgada.
A oposição realizou ontem ato
político na Câmara antes de entregar a Temer a representação contra FHC, mas só conseguiu reunir
cerca de 50 parlamentares.
De acordo com Genoino, "sem a
mobilização popular, não saem a
CPI e o processo de impeachment". O deputado disse que, "se
estão querendo abafar, é porque
existe algo a esconder".
Com a perspectiva de derrota no
Congresso, a oposição vai tentar
apoio popular para a criação da
CPI, colhendo assinaturas nas
ruas. O primeiro ato será na próxima semana, em Brasília.
A oposição não está conseguindo
sequer apoio para convocar autoridades para explicar as manobras
em torno do leilão da Telebrás.
Ontem, foi rejeitado requerimento para convocar dois ex-presidentes do BNDES -Luiz Carlos
Mendonça de Barros (que também
foi ministro das Comunicações) e
Lara Resende- e o atual ocupante
do cargo, Pio Borges.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Presidente é contra comissão Índice
|