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Senador usa carta para
tentar se defender
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma carta do empresário Fábio
Monteiro de Barros, dono da
construtora Incal, ao advogado
que o representa, Márcio Thomaz
Bastos, na qual ele diz que nunca
foi sócio do senador Luiz Estevão
foi divulgada ontem pelo parlamentar ameaçado de ser cassado.
Escrita anteontem pelo empresário, que está preso em São Paulo
sob a acusação de desviar R$ 169,5
milhões em recursos públicos da
construção da sede do Fórum
Trabalhista de São Paulo, a carta
rebate também a acusação de que
um bilhete deixado por Barros
para o senador, em janeiro do ano
passado, confirma as relações empresariais entre os dois.
No mesmo caso está envolvido
o juiz aposentado e ex-presidente
do TRT-SP Nicolau dos Santos
Neto, que está foragido.
"O senador Luiz Estevão e o
Grupo OK não são e nem nunca
foram sócios da Incal Incorporações S/A ou de nenhuma outra
empresa do grupo Monteiro de
Barros. Não sou e nunca fui empregado ou preposto do Grupo
OK ou do senador Luiz Estevão",
afirma o empresário na carta.
Sobre o bilhete deixado para Estevão, no qual ele pede emprestados aproximadamente R$ 800 mil
para pagar dívidas pessoais e empresariais, Monteiro de Barros
disse que o documento se refere a
um pedido feito ao Banco OK
(que faz parte do grupo controlado pelo senador).
"Estive em Brasília tentando
contato com os dirigentes do Banco OK para a aprovação de um
empréstimo emergencial. Não
tendo obtido uma resposta conclusiva, fui procurar o senador
Luiz Estevão a fim de obter o seu
apoio para o meu pleito", escreve
Monteiro de Barros na carta divulgada pelo senador.
"Não tendo conseguido contato
pessoal e precisando retornar a
São Paulo, redigi sim esse bilhete,
detalhando o que havia conversado no banco e o porquê das nossas necessidades, relacionando os
compromissos existentes", prossegue o empresário.
"Nós"
Monteiro de Barros diz ainda na
carta que, ao escrever "nós" no bilhete deixado para Luiz Estevão,
estava se referindo a si próprio e
ao seu sócio José Eduardo Ferraz
-e não ao parlamentar.
A versão do empresário é a mesma apresentada pelo senador para minimizar os efeitos negativos
provocados pela divulgação do
bilhete.
Estevão insiste que, se fosse
realmente sócio de Monteiro de
Barros e tivesse deixado as empresas chegarem a uma situação
falimentar, o bilhete teria sido escrito de forma mais agressiva.
"Algum dos senhores e senhoras senadores agradeceria alguém
que o tivesse legado a tal situação?
Essa é mais uma elucubração criminosa e mentirosa da imprensa", afirmou Estevão na tarde de
ontem, quando discursava no plenário do Senado.
Apesar de ter distribuído cópias
da carta para diversos jornalistas,
Estevão não citou a existência do
documento no plenário do Senado durante o discurso que efetuou
ontem.
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