São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2000


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Senador usa carta para tentar se defender

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma carta do empresário Fábio Monteiro de Barros, dono da construtora Incal, ao advogado que o representa, Márcio Thomaz Bastos, na qual ele diz que nunca foi sócio do senador Luiz Estevão foi divulgada ontem pelo parlamentar ameaçado de ser cassado.
Escrita anteontem pelo empresário, que está preso em São Paulo sob a acusação de desviar R$ 169,5 milhões em recursos públicos da construção da sede do Fórum Trabalhista de São Paulo, a carta rebate também a acusação de que um bilhete deixado por Barros para o senador, em janeiro do ano passado, confirma as relações empresariais entre os dois.
No mesmo caso está envolvido o juiz aposentado e ex-presidente do TRT-SP Nicolau dos Santos Neto, que está foragido.
"O senador Luiz Estevão e o Grupo OK não são e nem nunca foram sócios da Incal Incorporações S/A ou de nenhuma outra empresa do grupo Monteiro de Barros. Não sou e nunca fui empregado ou preposto do Grupo OK ou do senador Luiz Estevão", afirma o empresário na carta.
Sobre o bilhete deixado para Estevão, no qual ele pede emprestados aproximadamente R$ 800 mil para pagar dívidas pessoais e empresariais, Monteiro de Barros disse que o documento se refere a um pedido feito ao Banco OK (que faz parte do grupo controlado pelo senador).
"Estive em Brasília tentando contato com os dirigentes do Banco OK para a aprovação de um empréstimo emergencial. Não tendo obtido uma resposta conclusiva, fui procurar o senador Luiz Estevão a fim de obter o seu apoio para o meu pleito", escreve Monteiro de Barros na carta divulgada pelo senador.
"Não tendo conseguido contato pessoal e precisando retornar a São Paulo, redigi sim esse bilhete, detalhando o que havia conversado no banco e o porquê das nossas necessidades, relacionando os compromissos existentes", prossegue o empresário.

"Nós"
Monteiro de Barros diz ainda na carta que, ao escrever "nós" no bilhete deixado para Luiz Estevão, estava se referindo a si próprio e ao seu sócio José Eduardo Ferraz -e não ao parlamentar.
A versão do empresário é a mesma apresentada pelo senador para minimizar os efeitos negativos provocados pela divulgação do bilhete.
Estevão insiste que, se fosse realmente sócio de Monteiro de Barros e tivesse deixado as empresas chegarem a uma situação falimentar, o bilhete teria sido escrito de forma mais agressiva.
"Algum dos senhores e senhoras senadores agradeceria alguém que o tivesse legado a tal situação? Essa é mais uma elucubração criminosa e mentirosa da imprensa", afirmou Estevão na tarde de ontem, quando discursava no plenário do Senado.
Apesar de ter distribuído cópias da carta para diversos jornalistas, Estevão não citou a existência do documento no plenário do Senado durante o discurso que efetuou ontem.


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