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REFORMA NO ESCURO
Intenção do Planalto é estender imposto até fim de 94
FHC quer deixar a sucessor
decisão sobre fim da CPMF
DO ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso decide amanhã se a
nova versão da CPMF, o imposto
do cheque, será permanente ou
não. A idéia de FHC, porém, é deixar para o sucessor o poder de
suspender a cobrança, autorizada
atualmente somente até junho de
2002. "Se o próximo presidente
não quiser [a CPMF", não terá",
disse FHC, pouco depois de deixar o Congresso Nacional Boliviano, na tarde de ontem.
A alternativa em estudo no governo é propor a prorrogação da
CPMF até o final de 2004. A informação foi dada pelo ministro Pedro Malan (Fazenda) a aliados
políticos do governo, como o líder
do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE). Inicialmente, a idéia
era prorrogá-la até 2003.
Ontem, o governo avaliava a
proposta de manter a alíquota de
0,38% por mais 30 meses, contados a partir de junho do próximo
ano, quando vence o atual prazo
de cobrança do chamado imposto
do cheque.
FHC se reúne nesta quinta com
o ministro Pedro Malan para fechar o pacote e avançar na reforma tributária. "Nada é fácil nessa
matéria, porque os interesses são
contraditórios. Mas eu acho que
chegou o momento de se dar uns
passos adicionais", afirmou o presidente.
Em seguida, completou: "Aliás,
em nenhuma parte do mundo essas reformas são completas ou
saem rapidamente. No meu caso,
acho que é meu dever mandar para o Congresso algumas medidas
nessa área, e eu o farei". FHC propôs a primeira versão de reforma
tributária em 1995, durante o primeiro ano de mandato.
A proposta do governo inclui
redução de PIS e Cofins das exportações e criação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) federal para evitar a chamada guerra fiscal entre
os Estados. Esse ponto enfrenta
muita resistência no Congresso, já
a prorrogação da CPMF deverá
contar com o apoio inclusive da
oposição.
Depois de se reunir com a bancada do PFL na Câmara, o ministro Martus Tavares (Planejamento) disse que até sexta-feira o governo vai anunciar pelo menos
parte do pacote fiscal. Segundo
ele, o Ministério da Fazenda está
concluindo estudos sobre os riscos de contestação judicial das
medidas e sobre a perda de arrecadação decorrente das alterações
de alíquota.
Isenções
A Folha apurou na Receita Federal que a isenção da CPMF para
as Bolsas de Valores só terá sentido se o mesmo tratamento for dado a todas as transferências entre
aplicações financeiras. O presidente do Banco Central, Armínio
Fraga, disse na semana passada
que o mercado de capitais ficaria
isento da contribuição.
Se a mudança atingir todas as
aplicações financeiras, a perda de
arrecadação será de cerca de R$ 4
bilhões por ano. A arrecadação do
governo está em torno de R$ 280
bilhões anuais (Receita e Previdência Social).
A Receita defende a idéia de que
não é possível isentar um subsetor
dentro de um setor maior porque
os contribuintes sempre encontram formas de ficarem incluídos
entre os isentos.
Também existe falta de consenso sobre a melhor forma de reduzir a carga tributária incidente sobre as exportações. Setores do governo dizem que os contribuintes
vão poder optar entre pagar as
contribuições sociais (PIS e Cofins) com base no faturamento
(modelo atual) ou com base no
lucro bruto das empresas.
O governo não pretende perder
arrecadação com as mudanças
nas contribuições sociais, que geram cerca de R$ 51 bilhões por
ano. Portanto, haverá algum tipo
de compensação para qualquer
solução a ser adotada.
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