São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2001 |
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PROCURADORIA Procurador-geral é chamado de "engavetador", repudia o termo usado por senadores e é aprovado por 17 a 6 Sob críticas, Brindeiro passa no Senado
VERA MAGALHÃES DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, foi submetido a um constrangimento inédito na sabatina realizada ontem pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado para sua terceira recondução ao cargo. Numa sessão de quatro horas, vários senadores usaram o termo "engavetador" para se referir a sua imagem pública e cobraram dele ações efetivas para apurar denúncias de corrupção. A CCJ aprovou, por 17 a 6, a recondução de Brindeiro, que deve ser votada hoje em plenário. A aprovação já era esperada: antes mesmo da arguição, 57 dos 81 senadores subscreveram um abaixo-assinado de apoio a Brindeiro, gesto criticado pela oposição. A sabatina de ontem foi a primeira em que Brindeiro foi diretamente questionado por não dar seguimento a denúncias de corrupção contra autoridades e por retardar investigações. Os senadores cobraram de Brindeiro pressa nas investigações contra o presidente do Senado, Jader Barbalho. Ele se comprometeu a concluir, antes de agosto, o inquérito que apura suposto favorecimento de Jader numa negociação de TDAs (Títulos da Dívida Agrária). A senadora Heloísa Helena (PT-AL) citou um levantamento do próprio Ministério Público Federal, segundo o qual haveria mais de 4.000 processos parados em seu gabinete. Brindeiro rebateu que o número está desatualizado, pois despachou recentemente cerca de 2.500 processos. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) considerou "lamentável" a moção prévia de apoio a Brindeiro. "Isso se torna mais grave ainda quando se sabe que há 33 senadores e 194 deputados com processos em suas gavetas", emendou o peemedebista. Simon exercitou sua verve teatral e fez jus à fama de "destruidor de depoentes" no Senado. Por quase 20 minutos, criticou a recondução de Brindeiro e causou desconforto ao procurador, que meneava a cabeça negativamente. "Analiso há muito tempo sua personalidade. O sr. tem grande biografia para ser reitor de uma universidade, para ser ministro do sr. Fernando Henrique, mas não para ser procurador-geral da República", disse Simon. Quando Jefferson Péres (PDT-AM) o chamou pela primeira vez de "engavetador", Brindeiro disse que "repudiava" o rótulo. Ele rejeitou o argumento de que foi preterido numa eleição feita pelos procuradores para indicar a FHC uma lista tríplice de candidatos. "Não houve eleição. Houve uma consulta informal, à qual 40% dos procuradores não compareceram." Vários senadores defenderam a mudança no mecanismo de indicação do procurador-geral, tornando obrigatória a vinculação a uma lista tríplice. Diante de uma relação de casos que teria arquivado -como o da compra de votos da reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso e das denúncias contra Jader-, Brindeiro enumerou providências que teria tomado e "desafiou" os senadores a apontarem qualquer de seus antecessores que tenha sido mais ativo. Brindeiro disse que não cometeu nenhuma irregularidade ao usar jatos da FAB em viagens de férias a Fernando de Noronha. Ele responde a processo, juntamente com outras autoridades. Texto Anterior: Bahia: ACM sente dores no peito, faz exame em UTI e deixa hospital Próximo Texto: Frases Índice |
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