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MINAS GERAIS
Governador pretenderia renegociar dívida
Itamar cria comissão para apurar privatização de bancos estaduais
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Decreto do governador Itamar
Franco (PMDB-MG) publicado
ontem no "Minas Gerais", o diário oficial do Estado, criou a Comissão de Apuração de Irregularidades do Sistema Financeiro Estadual. O objetivo é investigar supostos problemas no saneamento
e privatização dos bancos Bemge
(Banco do Estado de Minas Gerais) e Credireal, em 1998.
Os motivos que levaram o peemedebista a criar a comissão não
foram revelados pelo governo.
As suspeitas de irregularidades
partiram de análises feitas pela
Procuradoria Geral do Estado nos
contratos envolvendo a União e o
governo de Minas para o saneamento das duas instituições, ainda na gestão do ex-governador
Eduardo Azeredo (PSDB), antecessor e desafeto de Itamar.
Para sanear as duas instituições
e prepará-las para serem privatizadas, foi feita com a União operação de crédito no valor de R$ 4,3
bilhões. O valor de venda das
duas instituições somou R$ 704
milhões. Em agosto de 1997, o
Credireal foi arrematado pelo
Bradesco. O Bemge foi comprado
pelo Itaú, em setembro de 1998.
O compromisso de venda dos
bancos estatais mineiros fazia
parte do acordo para que o governo federal renegociasse por 30
anos a dívida contratual mineira
com a União, avaliada na época
em R$ 18 bilhões.
Há rumores de que, por trás da
investigação sobre a privatização
dos bancos, Itamar planejaria renegociar a dívida com a União,
que hoje soma R$ 21 bilhões e
vence no ano 2028. Mensalmente
são gastos cerca de R$ 120 milhões com esse pagamento, valor
que Itamar considera inviável.
No Orçamento do Estado para
este ano, o custo da dívida mineira com o governo federal representa 13%, contra 12% para investimentos totais.
Desde o mês passado, Itamar
tem feito insinuações de que pode
até retomar a moratória da dívida, como fez em 1999. Alega que a
crise de energia vai reduzir as receitas estaduais.
Assessores do governo mineiro,
no entanto, não vêem vantagens
em uma nova moratória. Pelo
contrário: a União pode bloquear
os recursos, como fez há dois
anos, e isso não mudaria a situação. Por isso, acham mais fácil
tentar negociar.
Fazem parte da comissão de
apuração o secretário da Fazenda,
José Augusto Trópia Reis, a procuradora-geral do Estado, Cármem Lúcia Rocha, e o presidente
do BDMG (Banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais), José Pedro de Oliveira.
Eles têm 15 dias para concluir os
trabalhos e, a partir disso, devem
tomar as "providências legais necessárias, se for o caso", conforme
disse o governo.
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