São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

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PT SOB SUSPEITA

Ao Ministério Público, Luciano Carvalho acusa esquema na segurança

Empresário aponta novos desvios na prefeitura do PT

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As investigações sobre o suposto esquema de propinas na Prefeitura de Santo André deverão trazer à tona novas acusações de desvios de recursos públicos em contratos milionários, agora envolvendo a prestação de serviços de segurança por empresas privadas.
A Folha apurou que o empresário Luciano Pereira de Carvalho, ex-sócio da firma Prize Serviços de Segurança S/C Ltda., prestou depoimento sigiloso de cinco horas ao Ministério Público, em maio último, revelando várias irregularidades que teriam ocorrido nessa área.
Os negócios revelados por Carvalho teriam semelhança com o esquema denunciado por empresários de ônibus, divulgados na semana passada, sugerindo acertos paralelos entre o empresário Ronan Maria Pinto e o secretário Klinger Luiz de Oliveira Souza.
Ex-diretor de uma empresa de segurança que funcionava em São Paulo, Carvalho associou-se a Henrique Augusto Mascarenhas Júnior e a Vanderlei Bueno, em 1998, passando a atuar como diretor-comercial da Prize. Ele teria vendido uma casa para completar sua parte inicial, de R$ 60 mil.
Entre 1998 e 1999, Carvalho teria participado da formalização de contratos, sem licitação, com a Prefeitura de Santo André e com órgãos da administração municipal. Pelo menos dois desses contratos teriam sido firmados sem concorrência, logo após sua entrada na sociedade, sob a alegação de serem serviços emergenciais.
O novo diretor estranhou que os contratos, em valores elevados, não geravam correspondente entrada de recursos na sociedade.
Seu relato reproduziria situação idêntica alegada pelos proprietários da Viação São José, a família Gabrilli: Carvalho teria enfrentado prejuízos pessoais ao assumir compromissos na nova sociedade e teria sido "forçado" a sair do negócio, arcando com prejuízos.
Essa situação teria se agravado com a compra, pela Prize, de uma empresa de ônibus de Ronan Maria Pinto, a Empresa de Ônibus Vila Ema Ltda., de São Paulo.
Os registros em cartório confirmam que a Prize -que funcionou na praça Rui Barbosa e na rua Napoli, em Santo André- teve sua sede transferida para a avenida Vila Ema, em São Paulo, passando a operar no mesmo prédio em que está localizada a sede da empresa de ônibus que pertencia a Ronan Maria Pinto.
O grupo operava anteriormente com a razão social de Prize Serviços Especializados Ltda., com a finalidade de fornecer mão-de-obra temporária. Alterações sociais na empresa incluíram os serviços de limpeza de prédios e, posteriormente, atividades de investigação, vigilância e segurança.
Carvalho alegou que perdeu um apartamento, uma casa e dois automóveis -um BMW e um Tempra. As dificuldades da Prize teriam deixado para o ex-diretor dívidas bancárias e vários processos trabalhistas.
Ainda guardando semelhança com o relatado por empresários de ônibus que teriam rompido com o esquema da propina em Santo André, Carvalho também teria recebido ameaças dos ex-sócios e sofrido um enfarte.
Carvalho teria ligações de amizade com Sérgio Gomes da Silva, amigo do ex-prefeito Celso Daniel. Ele teria entrado na sociedade com Henrique Mascarenhas e Vanderlei Bueno por indicação de Sérgio, uma vez que os outros sócios não tinham experiência no ramo da segurança privada.
Quando o negócio foi desfeito, Carvalho teria recebido ajuda de Sérgio Gomes da Silva, que, inclusive, teria pago o convênio médico do ex-sócio da Prize.



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