|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PT SOB SUSPEITA
Ao Ministério Público, Luciano Carvalho acusa esquema na segurança
Empresário aponta novos
desvios na prefeitura do PT
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As investigações sobre o suposto esquema de propinas na Prefeitura de Santo André deverão trazer à tona novas acusações de desvios de recursos públicos em contratos milionários, agora envolvendo a prestação de serviços de
segurança por empresas privadas.
A Folha apurou que o empresário Luciano Pereira de Carvalho,
ex-sócio da firma Prize Serviços
de Segurança S/C Ltda., prestou
depoimento sigiloso de cinco horas ao Ministério Público, em
maio último, revelando várias irregularidades que teriam ocorrido nessa área.
Os negócios revelados por Carvalho teriam semelhança com o
esquema denunciado por empresários de ônibus, divulgados na
semana passada, sugerindo acertos paralelos entre o empresário
Ronan Maria Pinto e o secretário
Klinger Luiz de Oliveira Souza.
Ex-diretor de uma empresa de
segurança que funcionava em São
Paulo, Carvalho associou-se a
Henrique Augusto Mascarenhas
Júnior e a Vanderlei Bueno, em
1998, passando a atuar como diretor-comercial da Prize. Ele teria
vendido uma casa para completar
sua parte inicial, de R$ 60 mil.
Entre 1998 e 1999, Carvalho teria
participado da formalização de
contratos, sem licitação, com a
Prefeitura de Santo André e com
órgãos da administração municipal. Pelo menos dois desses contratos teriam sido firmados sem
concorrência, logo após sua entrada na sociedade, sob a alegação
de serem serviços emergenciais.
O novo diretor estranhou que
os contratos, em valores elevados,
não geravam correspondente entrada de recursos na sociedade.
Seu relato reproduziria situação
idêntica alegada pelos proprietários da Viação São José, a família
Gabrilli: Carvalho teria enfrentado prejuízos pessoais ao assumir
compromissos na nova sociedade
e teria sido "forçado" a sair do negócio, arcando com prejuízos.
Essa situação teria se agravado
com a compra, pela Prize, de uma
empresa de ônibus de Ronan Maria Pinto, a Empresa de Ônibus
Vila Ema Ltda., de São Paulo.
Os registros em cartório confirmam que a Prize -que funcionou na praça Rui Barbosa e na rua
Napoli, em Santo André- teve
sua sede transferida para a avenida Vila Ema, em São Paulo, passando a operar no mesmo prédio
em que está localizada a sede da
empresa de ônibus que pertencia
a Ronan Maria Pinto.
O grupo operava anteriormente
com a razão social de Prize Serviços Especializados Ltda., com a finalidade de fornecer mão-de-obra temporária. Alterações sociais na empresa incluíram os serviços de limpeza de prédios e,
posteriormente, atividades de investigação, vigilância e segurança.
Carvalho alegou que perdeu um
apartamento, uma casa e dois automóveis -um BMW e um Tempra. As dificuldades da Prize teriam deixado para o ex-diretor dívidas bancárias e vários processos
trabalhistas.
Ainda guardando semelhança
com o relatado por empresários
de ônibus que teriam rompido
com o esquema da propina em
Santo André, Carvalho também
teria recebido ameaças dos ex-sócios e sofrido um enfarte.
Carvalho teria ligações de amizade com Sérgio Gomes da Silva,
amigo do ex-prefeito Celso Daniel. Ele teria entrado na sociedade com Henrique Mascarenhas e
Vanderlei Bueno por indicação de
Sérgio, uma vez que os outros sócios não tinham experiência no
ramo da segurança privada.
Quando o negócio foi desfeito,
Carvalho teria recebido ajuda de
Sérgio Gomes da Silva, que, inclusive, teria pago o convênio médico do ex-sócio da Prize.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Outro Lado: Contratos foram aprovados, diz prefeitura do PT Índice
|