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Promotor de NY acusa empresa do caso CC-5
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Um promotor de Nova York
formalizou ontem acusações contra a Beacon Hill, uma das principais receptoras de dinheiro da
agência do Banestado de Nova
York, agora investigada por uma
Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso brasileiro.
Robert Morgenthau, o promotor público responsável pelo distrito de Manhattan, revelou que
apenas 4 de 40 contas operadas
pela empresa entre 2001 e 2002
movimentaram US$ 3,2 bilhões.
No decorrer da investigação
americana, a Beacon foi fechada,
em 4 de fevereiro último.
Indagado por jornalista brasileiro sobre se buscava documentos que possam incriminar políticos brasileiros, a pedido de autoridades brasileiras, Morgenthau
respondeu que sim.
As quatro acusações que Morgenthau formulou ontem contra a
Beacon Hill focam a evasão de impostos. A empresa não tinha o registro exigido pela lei bancária
nova-iorquina para receber dinheiro de fora do país e enviá-lo
para outros lugares.
Fundos ilegais
"Nossa hipótese é a de que se
tratavam de fundos ilegais", disse
Morgenthau. Além de corrupção,
disse ele, investiga-se a participação da Beacon Hill em esquemas
de tráfico de drogas e terroristas
-houve repasses para Riad (Arábia Saudita) e Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos).
A Beacon Hill fechou suas portas já durante as investigações,
após uma busca realizada pelos
oficiais em seu escritório em Manhattan. Os procuradores conseguiram congelar uma pequena
parte do dinheiro que passou por
suas contas: US$ 13 milhões.
A empresa recebeu dinheiro de
pessoas físicas, empresas e casas
de câmbio da América do Sul. O
promotor não apontou quem são
os responsáveis por ela.
Mas, questionado sobre nomes
de brasileiros, afirmou: "Os brasileiros têm uma investigação sobre
um ex-alto funcionário do governo brasileiro por receber propinas. Isso tem sido relatado extensivamente pela imprensa brasileira. Esse sujeito foi governador do
maior Estado do Brasil".
Quando um jornalista da revista
"IstoÉ" lhe pediu para dizer se estava se referindo ao ex-governador Paulo Maluf (PP), Morgenthau indicou o autor da pergunta
a seus colegas e disse: "Ele sabe".
O assessor de Paulo Maluf, Adilson Laranjeira, disse ontem que o
ex-governador não mantém ou
manteve contas de pessoa física
ou jurídica em bancos de Nova
York. "Podem investigar à vontade. Vão confirmar que não há nada contra Maluf", disse ele.
O promotor disse ainda que trabalha em cooperação com as autoridades brasileiras que investigam o que acreditam ser a ponta
inicial do caso -ou seja, a origem
do dinheiro da Beacon Hill. "Autoridades brasileiras pediram
nossa ajuda, e estamos dando.
Conseguimos autorização judicial para dar informações."
O escritório de Morgenthau se
recusou a dar detalhes da parte
brasileira da investigação. Não
confirmaram, por exemplo, se as
quatro contas que mencionaram
são as mesmas apuradas por promotores brasileiros. Também se
recusaram a dizer se investigadores foram à ilha de Jersey e à Suíça,
para onde teria ido parte do dinheiro que passou pelos EUA e
que pertenceria a Maluf.
Promotores e policiais brasileiros suspeitam de que o Banestado
tenha sido usado num esquema
ilegal de envio de dinheiro do Brasil para o exterior, utilizando as
chamadas contas CC-5.
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