São Paulo, domingo, 27 de junho de 2004

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Mulheres dão liderança ao tucano

ROGÉRIO GENTILE
EDITOR-ADJUNTO DE BRASIL

Se dependesse apenas do eleitorado feminino, Serra teria uma situação muito mais folgada na disputa paulistana. Entre as mulheres, o ex-ministro atinge 33% das intenções de voto contra 23% das de Maluf e 17% das de Marta.
Considerando apenas os homens, porém, a situação é de tríplice empate técnico. Serra tem 27% das preferências, contra 25% de Maluf e 24% de Marta.
A simpatia das mulheres por Serra cresceu no último mês. Na pesquisa anterior, o tucano tinha sete pontos percentuais a menos no eleitorado feminino.
Nesse interregno, o ex-ministro estrelou, ao lado do governador Geraldo Alckmin, o programa de TV do PSDB. Apresentado como um paulistano da Mooca "que jamais perdeu a humildade", Serra surgiu na tela com um agasalho amarrado ao pescoço e pose de homem experiente e preparado.
Até nas críticas, optou pela sutileza, cutucando a prefeita Marta sem citar o seu nome: "Quem conduz os destinos da nossa cidade precisa ser uma espécie de gerente, que defenda a cidade e que tenha orgulho dela. Mas que jamais seja uma pessoa orgulhosa, prepotente com os outros".
O discurso do tucano, segundo a pesquisa, tem agradado também aos mais escolarizados, embora o ex-ministro tenha perdido um pouco do seu apelo entre os de melhor renda familiar (acima de 10 salários mínimos).
Pelo Datafolha, Serra passou de 36% para 45% na preferência dos eleitores de nível superior de escolaridade, seu melhor índice em toda a pesquisa. Mas oscilou quatro pontos percentuais negativos entre os que ganham mais de 10 salários mínimos, situação que não o impediu de continuar a liderar sozinho nessa faixa.
Se Serra cresceu entre as mulheres e os mais escolarizados, Marta conseguiu melhorar sua popularidade entre os homens. Na pesquisa anterior, a prefeita paulistana tinha 19% no eleitorado masculino contra os 24% de agora.
Com base num roteiro extenso de inaugurações, projetos e inserções publicitárias, Marta tem se dedicado a uma campanha de recuperação de sua imagem.
Sua principal arma nas últimas semanas foi o chamado bilhete único, que permite baldeações livres por até duas horas nos ônibus municipais pelo preço de uma única passagem.
Segundo a Fundação Seade, em 2003, 55,1% das mulheres em idade ativa (acima de dez anos) faziam parte da PEA (População Economicamente Ativa) da região metropolitana de São Paulo. Entre os homens, 73% estariam no mercado de trabalho. Ou seja: é possível que eles tenham sido mais diretamente beneficiados pelo bilhete do que elas.
Do lado do ex-prefeito chama atenção o fato de o candidato do PP ter oscilado positivamente na pesquisa, a despeito da divulgação na mídia impressa e televisiva de uma série de acusações de desvio de verbas e remessa irregular de recursos para o exterior.
Nos últimos dias, além de negar as acusações e repetir ser vítima de um complô político, o ex-prefeito utilizou-se do programa de TV do seu PP para se "vacinar" contra as acusações, no jargão do marketing político. Maluf procurou bater na tecla de que sempre foi um homem rico, beneficiário de uma grande herança familiar.


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