São Paulo, domingo, 27 de junho de 2004

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ELEIÇÕES 2004 / CAPITAIS

Governo Lula fica em segundo plano

Disputa no Rio envolve Jogos Pan-Americanos e evangélicos

PLÍNIO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO

A corrida eleitoral pela Prefeitura do Rio começa oficialmente nesta semana com característica diferente da de São Paulo: em vez do confronto direto entre situação e oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, temas como o voto evangélico e os Jogos Pan-Americanos devem predominar.
O favorito até agora é o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), que tentará seu terceiro mandato na cidade, o segundo consecutivo. Com 34% dos votos na pesquisa mais recente do Instituto Sensus, o prefeito será oficializado candidato hoje com o apoio de PSDB, PV, PSDC, PRTB, PTN e PT do B.
"O PT entra nesta campanha com dois diferenciais em relação às anteriores: a militância desestimulada pela linha seguida pelo governo Lula e sem o monopólio da defesa do social, em razão das opções feitas pela gestão federal petista", declara o prefeito.
A campanha do senador Marcelo Crivella (PL), que aparece em segundo lugar com 21,5% dos votos, tem sua força no movimento evangélico. Crivella, que seria homologado candidato em convenção ontem, é bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, cantor evangélico com mais de 4 milhões de discos vendidos e apresentador de programa religioso na TV.
"O [Jorge] Bittar e o [Luiz Paulo] Conde são católicos, eu sou evangélico. Cada um tem a sua religião. Quem é candidato é o senador do PL, não o bispo da Universal", afirma Crivella.
O PMDB apostava em Leonel Brizola (PDT) para nacionalizar a eleição no Rio. O presidente do partido no Estado, Anthony Garotinho, aceitava apoiá-lo. Com a morte de Brizola na segunda-feira passada, seu candidato deve ser o vice-governador Luiz Paulo Conde (PMDB), que aparece com 14,6% dos votos na pesquisa Sensus. Conde ainda resiste, mas deve ser confirmado na disputa em convenção na próxima terça.
Caberá a Jorge Bittar (PT), ex-secretário-geral do partido, a tarefa de defesa da gestão Lula. O petista nega que a militância do partido esteja desmobilizada. "Na convenção da semana passada, havia 5.000 pessoas. Foi a maior que já fizemos." Ele aparece com 6,7% na pesquisa Sensus.
Nos programas partidários exibidos na televisão até agora, a maior polêmica envolveu os Jogos Pan-Americanos. Maia, cuja administração tem bancado os principais investimentos até aqui para garantir a realização do Pan na cidade em 2007, tenta capitalizar eleitoralmente o feito.
Bittar concentrou seu programa na derrota sofrida pela cidade na tentativa de sediar a Olimpíada de 2012, por falhas na segurança e na infra-estrutura. Além de enfrentar o desgaste do governo federal, Bittar pode perder votos à esquerda para o PC do B, antigo aliado que lançou candidato próprio, a deputada Jandira Feghali.


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