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Foco
No Rio, prefeitura chefiada por petista vira república de ex-dirigentes da UNE
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Líderes da UNE nos anos
90, hoje um é ministro, o outro, prefeito, e seus colegas,
secretários municipais. Descontraídos, eles se encontraram ontem em Nova Iguaçu,
na Baixada Fluminense.
A ocasião era a visita do ministro Orlando Silva (Esporte), 35, à cidade dirigida pelo
prefeito Lindberg Farias
(PT), 36. O primeiro foi presidente da UNE entre 1995 e
1997, posterior a Lindberg
(1992). Orlando foi lançar o
programa Segundo Tempo,
que vai oferecer a 10 mil jovens reforço escolar e alimentar, além de material e uniforme para a prática esportiva.
"Sabe que moramos juntos
em São Paulo, o Orlando e eu?
Foi numa república. Eu era
presidente da UNE e ele era o
tesoureiro. As instalações
eram horrorosas", conta o
prefeito com sorrisos.
"Lembra que a gente jogou
futebol dentro do apartamento num domingo de manhã e
a vizinha de baixo reclamou?", acrescentou Orlando.
"Somos relativamente jovens e tivemos na UNE uma
escola de formação política.
Tivemos o privilégio de fazer
parte da mesma geração, a geração do "Fora Collor". Agora
vivemos uma experiência nova, que é transformar os nossos sonhos em políticas públicas", disse o ministro.
Lindberg se cercou de ex-companheiros do movimento
estudantil para montar sua
equipe. O secretário de Desenvolvimento Econômico é
Ricardo Cappelli, 34, que sucedeu Orlando Silva na presidência da UNE, onde permaneceu até o fim de 1999.
Secretário de Transportes,
Leandro Cruz, 36, ocupou
cargos de diretor e vice-presidente da entidade entre 1992
e 1995. "A gente defende hoje
as mesmas coisas que defendia antes. O ideal é o mesmo:
construir um país melhor."
O assessor de gabinete
Waldemar de Souza, 40, foi
vice-presidente da UNE entre 1989 e 1991, quando o presidente era Cláudio Langone,
que hoje é secretário-executivo do Ministério do Meio
Ambiente. Ele é apontado como o "mentor" dos mais novos. "Mas isso é só porque eu
sou o veterano", disfarça.
"É uma república [a prefeitura]. O bacana é que a gente
brigava muito e hoje se ajuda", brinca Lindberg. Um coisa, pelo menos, Lindberg
atesta que mudou. Ele diz que
leva vantagem nas discussões
com os companheiros.
"A gente discordava muito
e tinha que votar. Agora sou
eu que decido. Todo mundo
fica dando opiniões, mas agora sou eu que decido", afirma
o prefeito de Nova Iguaçu em
meio a gargalhadas dos companheiros.
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