São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006/SÃO PAULO

Lembo libera R$ 1,7 bilhão para Kassab

Valor será pago na próxima gestão estadual e beneficiará prefeito pefelista de São Paulo, afilhado político do governador

No evento em que anunciou o pacote, Lembo disse ser simpático à reeleição de Kassab, mas negou que a medida vá favorecer o PFL


FABIO SCHIVARTCHE
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), assinou nos últimos dias convênios e acordos que prevêem a transferência de R$ 1,7 bilhão do Estado para projetos da prefeitura paulistana. Mas quem vai pagar a conta é o próximo governador, pois a maior parte dos gastos será feita a partir de 2007, após Lembo deixar o cargo.
O principal beneficiado é o prefeito Gilberto Kassab, vice-presidente estadual do PFL e apadrinhado político de Lembo. Eleito como vice na chapa do tucano José Serra, ainda tem pela frente dois anos e meio de administração e poderá usufruir dessa verba.
Hoje, estão em andamento 25 convênios entre a prefeitura paulistana e o Estado assinados desde a gestão Marta Suplicy (PT) -que somam R$ 750 milhões. Agora, de uma só vez, foi negociado R$ 1,7 bilhão a mais, valor que pode impulsionar uma possível candidatura de Kassab à reeleição em 2008.
Os principais recursos do pacote anunciado ontem serão desembolsados em três ações: R$ 800 milhões para a construção de casas populares e reurbanização de favelas, R$ 625 milhões para a ampliação da av. Jornalista Roberto Marinho até a rodovia dos Imigrantes e R$ 165 milhões para a finalização do Expresso Tiradentes.
Também estão previstos projetos nas áreas de cultura, saneamento e segurança pública. A maioria das ações prevê repasse de verbas do Estado à prefeitura -que cederá um prédio para a Polícia Militar.

Reeleição
Ao anunciar o pacote, Lembo disse ser simpático à idéia de reeleição de Kassab. Mas negou que a medida favoreça o PFL. "Não tem PFL nisso, tem São Paulo. Se tivesse uma visão político-eleitoral, nós teríamos feito isso nos bairros, com banda de música. Mas foi feito aqui no Palácio [dos Bandeirantes]."
Kassab tampouco vê benefícios com a medida: "Qualquer que seja o governador, existe um prazo para os convênios, não é algo imediato. E são obras que a prefeitura não faria sozinha. Ou o Estado faz parceria ou elas não serão realizadas".
A gestão Kassab ainda paga a dívida deixada por Marta, mas já recuperou parcialmente sua capacidade de investimento. Enfrenta porém limitação para contrair empréstimos, o que dificulta a realização de obras de grande porte. Dos R$ 2,4 bilhões que Kassab tem para investir neste ano, grande parte já está comprometida.


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