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ELEIÇÕES 2006/SÃO PAULO
Lembo libera R$ 1,7 bilhão para Kassab
Valor será pago na próxima gestão estadual e beneficiará prefeito pefelista de São Paulo, afilhado político do governador
No evento em que anunciou o pacote, Lembo disse ser simpático à reeleição de Kassab, mas negou que a medida vá favorecer o PFL
FABIO SCHIVARTCHE
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo,
Cláudio Lembo (PFL), assinou
nos últimos dias convênios e
acordos que prevêem a transferência de R$ 1,7 bilhão do Estado para projetos da prefeitura
paulistana. Mas quem vai pagar
a conta é o próximo governador, pois a maior parte dos gastos será feita a partir de 2007,
após Lembo deixar o cargo.
O principal beneficiado é o
prefeito Gilberto Kassab, vice-presidente estadual do PFL e
apadrinhado político de Lembo. Eleito como vice na chapa
do tucano José Serra, ainda
tem pela frente dois anos e
meio de administração e poderá usufruir dessa verba.
Hoje, estão em andamento
25 convênios entre a prefeitura
paulistana e o Estado assinados
desde a gestão Marta Suplicy
(PT) -que somam R$ 750 milhões. Agora, de uma só vez, foi
negociado R$ 1,7 bilhão a mais,
valor que pode impulsionar
uma possível candidatura de
Kassab à reeleição em 2008.
Os principais recursos do pacote anunciado ontem serão
desembolsados em três ações:
R$ 800 milhões para a construção de casas populares e reurbanização de favelas, R$ 625
milhões para a ampliação da av.
Jornalista Roberto Marinho
até a rodovia dos Imigrantes e
R$ 165 milhões para a finalização do Expresso Tiradentes.
Também estão previstos projetos nas áreas de cultura, saneamento e segurança pública.
A maioria das ações prevê repasse de verbas do Estado à
prefeitura -que cederá um
prédio para a Polícia Militar.
Reeleição
Ao anunciar o pacote, Lembo
disse ser simpático à idéia de
reeleição de Kassab. Mas negou
que a medida favoreça o PFL.
"Não tem PFL nisso, tem São
Paulo. Se tivesse uma visão político-eleitoral, nós teríamos
feito isso nos bairros, com banda de música. Mas foi feito aqui
no Palácio [dos Bandeirantes]."
Kassab tampouco vê benefícios com a medida: "Qualquer
que seja o governador, existe
um prazo para os convênios,
não é algo imediato. E são obras
que a prefeitura não faria sozinha. Ou o Estado faz parceria
ou elas não serão realizadas".
A gestão Kassab ainda paga a
dívida deixada por Marta, mas
já recuperou parcialmente sua
capacidade de investimento.
Enfrenta porém limitação para
contrair empréstimos, o que dificulta a realização de obras de
grande porte. Dos R$ 2,4 bilhões que Kassab tem para investir neste ano, grande parte
já está comprometida.
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