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Governo de SP assume hospital da prefeitura
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), repassou
ao governo do Estado um hospital recém construído, o de Cidade Tiradentes, na zona leste.
Com isso, deve garantir a inauguração da unidade no próximo
semestre, em plena corrida
eleitoral, quando José Serra
(PSDB), que o levou à prefeitura, será candidato ao Palácio
dos Bandeirantes.
"Não tem sentido um hospital pronto já não estar imediatamente a serviço da população", disse Kassab ontem.
A
prefeitura não tinha meios de
fazer o serviço funcionar antes
das eleições. Não conseguiu implementado ainda a lei que permitiria que fosse assumido por
uma OS (entidade sem fins lucrativos que não precisa fazer
concurso e licitação). A lei é
contestada pelo Ministério Público por contrariar a Constituição.
Já o governo estadual,
que tem respaldo de lei que reconhece OSs desde 98, pode fazer as contratações por meio
das entidades.
A administração Cláudio
Lembo (PFL) ainda definirá
qual OS assumirá a unidade.
A
operação, no entanto, é considerada ilegal por especialistas
em direito sanitário, que entendem que a cessão de uso da prefeitura ao Estado não permite
uma segunda transferência à
OS. "É como você alugar uma casa e depois sublocar. Não pode", afirmou Lenir Santos, do Instituto de Direito Sanitário Aplicado.
A prefeitura, responsável pela cessão, informou na noite de
ontem que, em razão do horário, não conseguiria ninguém
para falar do tema.
O hospital, iniciado pela ex-prefeita Marta Suplicy (PT), foi
bandeira da curta gestão do ex-prefeito Serra, que anunciou
ter retomado as obras em 2005
e obteve auxílio de R$ 30 milhões do Estado para cobrir o
custo de mais de R$ 60 milhões
da unidade. Terá 232 leitos e
deverá atender cerca de 25 mil
pacientes por mês em seu
pronto-socorro.
Descentralização
As diretrizes do SUS (Sistema Único de Saúde) desde o
início da década de 90 são para
uma descentralização do sistema, em que os municípios assumem a gerência da unidades
para garantir um melhor controle sobre as mesmas. Desde
2001, a capital paulista vinha
municipalizando unidades estaduais.
O sistema, no entanto, não
interfere na autonomia das
prefeituras que decidem tomar
outros caminhos, de acordo
com suas necessidades, e a passagem do hospital não é ilegal.
"Não é comum, mas é possível.
Em geral é o Estado que entrega à prefeitura", afirmou, sobre
a transferência, Nivaldo Carneiro, professor de medicina
social da Santa Casa.
"É prova da inoperância da
saúde municipal", afirmou o
deputado estadual Carlos Neder (PT).
(FABIANE LEITE)
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