São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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Comissão investigará pelo menos 45 parlamentares

Presidente da CPI dos Sanguessugas alegou segredo de Justiça para não divulgar nomes

Além dos 15 inquéritos em curso contra congressistas, outros 30 devem ser abertos com pedido da Procuradoria Geral da República à polícia


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Sanguessugas deve começar seus trabalhos investigando o suposto envolvimento de 45 parlamentares com o esquema de venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras do país. Seis deputados suspeitos de participação já foram ouvidos pela Polícia Federal.
O presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), afirmou ontem que o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, prometeu encaminhar ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta semana outros 30 pedidos de abertura de inquérito contra parlamentares, além dos 15 que já estão em curso. Esse número ainda pode variar, já que, oficialmente, a Procuradoria não confirmou a informação.
"Ele [o procurador-geral] já levou ao STF 15 pedidos de inquérito e pretende encaminhar outros esta semana", disse Biscaia. Os nomes não foram divulgados, de acordo com ele, porque a investigação está sob segredo de Justiça.
Biscaia visitou o procurador ontem à tarde. Foi acompanhado do relator da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO). Os dois também se encontraram com o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, e com a presidente do STF, Ellen Gracie. O objetivo das conversas foi facilitar o acesso da CPI à documentação das investigações feitas pelos respectivos órgãos.
"A CPI tem prazo exíguo. São apenas 60 dias. Por isso precisamos contar com a ajuda de todos", disse Lando. "Entendo as restrições do Judiciário, mas tenho certeza que a Polícia Federal e o Ministério Público poderão nos ajudar muito."

Sigilo
O presidente da CPI diz entender que, em princípio, terá de manter em sigilo os nomes dos parlamentares até o fim das investigações. "Isso vai depender da decisão do ministro Gilmar Mendes", disse Biscaia, referindo-se ao fato de o ministro ter determinado o sigilo das investigações. "Ele [Mendes] poderá transferir o sigilo para a CPI", explicou.
Biscaia não soube explicar como manterá o sigilo na comissão, que tem sessões abertas e conta com 36 integrantes.
O presidente da CPI afirmou ainda que a comissão vai se concentrar nas informações levantadas pela PF e pelo MP e deverá abrir mão de ouvir depoimentos. "Além de não termos tempo suficiente, a prova documental é mais importante que a testemunhal", disse.
Segundo ele, o procurador-geral comprometeu-se a repassar as informações investigadas pelo Ministério Público por escrito. "Será feito por meio de ofício, de acordo com as nossas solicitações", afirmou Biscaia.
O deputado adiantou que um dos primeiros passos deverá ser a aprovação da quebra de sigilo bancário dos suspeitos. "Os requerimentos relacionados a isso serão submetidos ao plenário da CPI", disse.
A CPI foi motivada por investigação da PF que resultou na prisão de mais de 40 pessoas em maio. Segundo a PF, prefeituras, deputados, senadores e a empresa Planam teriam armado o esquema. (ADRIANO CEOLIN, LEONARDO SOUZA E RANIER BRAGON)

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