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Comissão investigará pelo menos 45 parlamentares
Presidente da CPI dos Sanguessugas alegou segredo de Justiça para não divulgar nomes
Além dos 15 inquéritos em curso contra congressistas, outros 30 devem ser abertos com pedido da Procuradoria Geral da República à polícia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI dos Sanguessugas deve
começar seus trabalhos investigando o suposto envolvimento de 45 parlamentares com o
esquema de venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras do país. Seis deputados suspeitos de participação já foram
ouvidos pela Polícia Federal.
O presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), afirmou ontem que o procurador-geral da República,
Antonio Fernando Souza, prometeu encaminhar ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta
semana outros 30 pedidos de
abertura de inquérito contra
parlamentares, além dos 15 que
já estão em curso. Esse número
ainda pode variar, já que, oficialmente, a Procuradoria não
confirmou a informação.
"Ele [o procurador-geral] já
levou ao STF 15 pedidos de inquérito e pretende encaminhar
outros esta semana", disse Biscaia. Os nomes não foram divulgados, de acordo com ele,
porque a investigação está sob
segredo de Justiça.
Biscaia visitou o procurador
ontem à tarde. Foi acompanhado do relator da CPI, senador
Amir Lando (PMDB-RO). Os
dois também se encontraram
com o diretor-geral da Polícia
Federal, Paulo Lacerda, e com a
presidente do STF, Ellen Gracie. O objetivo das conversas foi
facilitar o acesso da CPI à documentação das investigações feitas pelos respectivos órgãos.
"A CPI tem prazo exíguo. São
apenas 60 dias. Por isso precisamos contar com a ajuda de
todos", disse Lando. "Entendo
as restrições do Judiciário, mas
tenho certeza que a Polícia Federal e o Ministério Público poderão nos ajudar muito."
Sigilo
O presidente da CPI diz entender que, em princípio, terá
de manter em sigilo os nomes
dos parlamentares até o fim das
investigações. "Isso vai depender da decisão do ministro Gilmar Mendes", disse Biscaia, referindo-se ao fato de o ministro
ter determinado o sigilo das investigações. "Ele [Mendes] poderá transferir o sigilo para a
CPI", explicou.
Biscaia não soube explicar
como manterá o sigilo na comissão, que tem sessões abertas e conta com 36 integrantes.
O presidente da CPI afirmou
ainda que a comissão vai se
concentrar nas informações levantadas pela PF e pelo MP e
deverá abrir mão de ouvir depoimentos. "Além de não termos tempo suficiente, a prova
documental é mais importante
que a testemunhal", disse.
Segundo ele, o procurador-geral comprometeu-se a repassar as informações investigadas
pelo Ministério Público por escrito. "Será feito por meio de
ofício, de acordo com as nossas
solicitações", afirmou Biscaia.
O deputado adiantou que um
dos primeiros passos deverá
ser a aprovação da quebra de sigilo bancário dos suspeitos. "Os
requerimentos relacionados a
isso serão submetidos ao plenário da CPI", disse.
A CPI foi motivada por investigação da PF que resultou na
prisão de mais de 40 pessoas
em maio. Segundo a PF, prefeituras, deputados, senadores e a
empresa Planam teriam armado o esquema.
(ADRIANO CEOLIN, LEONARDO SOUZA E RANIER BRAGON)
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