São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Contrariado, PT tenta reverter entrega de cargo

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT tentou reverter até o último momento a renúncia de Sibá Machado (PT-AC) à presidência do Conselho de Ética por avaliar que ela agravaria a crise vivida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na noite de ontem, o Planalto via com preocupação a saída de cena de Sibá, pois julgava ser um indicativo de que perdera o controle de sua base de apoio na Casa.
No final da tarde, o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), foi chamado às pressas para uma reunião com Sibá e outros senadores a fim de tentar convencê-lo a ficar no posto e não votar hoje o relatório de Epitácio Cafeteira (PTB-MA).
Entre voltar atrás e renunciar, Sibá optou pela segunda atitude, contrariando o PT e o Planalto. Motivo: o PMDB do Senado, sobretudo Renan, sente-se abandonado por seus companheiros de coalizão.
Segundo petistas, Sibá demonstrou abalo emocional nas reuniões de ontem. Desde a semana passada, ele não conseguia encontrar relator para substituir Cafeteira e Wellington Salgado (PMDB), que renunciou. Desejava indicar alguém aliado a Renan, mas só aparecia quem poderia prejudicá-lo.
Ontem, o DEM endureceu seu discurso. Em nota, pediu a licença de Renan da presidência da Casa. E também não participou de votações, como combinado na semana passada.
Sibá, então, tentou bancar uma votação hoje no conselho. Sem votos para vencer, Renan enviou um recado ao PT e ao Planalto: atuaria para que peemedebistas hostilizassem o governo em votações de seu interesse. Nesse momento, Berzoini foi acionado.
Para se ter uma idéia da crise provocada na base do governo pela renúncia de Sibá, basta relatar a atuação de Eduardo Suplicy (PT-SP). Sempre disposto a ações que contrariam governo e aliados, até ele tentou convencer Sibá a ficar no cargo. Argumentava que sua renúncia equivaleria a uma atestado de inutilidade do órgão.
A aliados, Renan falava que os petistas não eram confiáveis e que a renúncia alimentaria a crise no Senado. Dificilmente haverá votação hoje na Casa.
Interessa a Renan transformar sua crise em um embate entre governo e oposição. Aliados do presidente do Senado tentavam convencer o governo a abraçar abertamente a causa de Renan, sob o argumento de que a radicalização do DEM deverá ser acompanhada pelo PSDB e que isso, ao final, só acarretará o enfraquecimento das forças de apoio a Lula.


Texto Anterior: Interino: Vice do conselho era suplente de Paulo Octávio
Próximo Texto: DEM pede que Renan deixe o cargo; PSOL mira em Roriz
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.