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Contrariado, PT tenta reverter entrega de cargo
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT tentou reverter até
o último momento a renúncia de Sibá Machado
(PT-AC) à presidência do
Conselho de Ética por avaliar que ela agravaria a crise vivida pelo presidente
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na noite
de ontem, o Planalto via
com preocupação a saída
de cena de Sibá, pois julgava ser um indicativo de
que perdera o controle de
sua base de apoio na Casa.
No final da tarde, o presidente do PT, deputado
Ricardo Berzoini (SP), foi
chamado às pressas para
uma reunião com Sibá e
outros senadores a fim de
tentar convencê-lo a ficar
no posto e não votar hoje o
relatório de Epitácio Cafeteira (PTB-MA).
Entre voltar atrás e renunciar, Sibá optou pela
segunda atitude, contrariando o PT e o Planalto.
Motivo: o PMDB do Senado, sobretudo Renan, sente-se abandonado por seus
companheiros de coalizão.
Segundo petistas, Sibá
demonstrou abalo emocional nas reuniões de ontem. Desde a semana passada, ele não conseguia encontrar relator para substituir Cafeteira e Wellington Salgado (PMDB), que
renunciou. Desejava indicar alguém aliado a Renan,
mas só aparecia quem poderia prejudicá-lo.
Ontem, o DEM endureceu seu discurso. Em nota,
pediu a licença de Renan
da presidência da Casa. E
também não participou de
votações, como combinado na semana passada.
Sibá, então, tentou bancar uma votação hoje no
conselho. Sem votos para
vencer, Renan enviou um
recado ao PT e ao Planalto:
atuaria para que peemedebistas hostilizassem o governo em votações de seu
interesse. Nesse momento, Berzoini foi acionado.
Para se ter uma idéia da
crise provocada na base do
governo pela renúncia de
Sibá, basta relatar a atuação de Eduardo Suplicy
(PT-SP). Sempre disposto
a ações que contrariam governo e aliados, até ele
tentou convencer Sibá a ficar no cargo. Argumentava que sua renúncia equivaleria a uma atestado de
inutilidade do órgão.
A aliados, Renan falava
que os petistas não eram
confiáveis e que a renúncia alimentaria a crise no
Senado. Dificilmente haverá votação hoje na Casa.
Interessa a Renan transformar sua crise em um
embate entre governo e
oposição. Aliados do presidente do Senado tentavam
convencer o governo a
abraçar abertamente a
causa de Renan, sob o argumento de que a radicalização do DEM deverá ser
acompanhada pelo PSDB
e que isso, ao final, só acarretará o enfraquecimento
das forças de apoio a Lula.
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