São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DEM pede que Renan deixe o cargo; PSOL mira em Roriz

Direção da sigla, que tem a segunda maior bancada do Senado, rejeita arquivar o caso

Além de pedir abertura de processo para investigar Roriz, PSOL promete fazer campanha "Fora Renan" a partir de amanhã na Casa

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na véspera de mais uma tentativa de votação do processo no Conselho de Ética, a direção do DEM pediu ontem oficialmente o afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do cargo até o desfecho das investigações. Foi a primeira manifestação aberta de um partido sobre o caso. O DEM possui a segunda maior bancada do Senado, com 17 parlamentares -o PMDB, de Renan, tem 20.
A decisão do partido foi anunciada após reunião da Executiva Nacional, em Brasília, que também cobrou a imediata nomeação de um novo relator para o processo contra Renan no conselho e apuração das denúncias contra outro senador peemedebista, o ex-governador Joaquim Roriz (DF).
Em nota, o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), afirmou que é "imperativo o licenciamento" de Renan "até que sejam concluídas, em toda sua extensão, as investigações". "As acusações públicas que pesam contra o presidente do Senado e do Congresso estão maculando a imagem dessas instituições", diz a nota.
O conselho investiga a suspeita de que Renan teve despesas pessoais pagas por uma empreiteira. Ao longo das investigações também surgiram suspeitas de que apresentou notas fiscais frias para comprovar a venda de gado - o que teria lhe dado condições financeiras de arcar com as despesas.
A nota do DEM diz que é "incompatível com a imagem do Congresso a não apuração tempestiva, correta e conclusiva" do processo no conselho.
A portas fechadas, houve um embate. Os deputados do DEM cobraram que o teor da nota fosse duro. Já parte dos senadores era contra a exigência do afastamento de Renan.
Líder do partido no Senado, José Agripino Maia (RN) afirmou que caso o relatório que pede o arquivamento do processo seja colocado em votação hoje, os três integrantes do DEM votarão contra. "É um relatório inócuo, não tem cabimento querer votá-lo", disse.
Agripino criticou Sibá Machado (PT-AC), que deixou a presidência do Conselho de Ética ontem, por querer forçar a votação hoje: "O governo e o PT estariam colocando sua digital no arquivamento do caso".

Representação
Paralelamente, o PSOL anunciou que entrará amanhã com uma representação no Conselho de Ética contra o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF). Se aceito, o trâmite é similar ao de Renan e pode culminar em cassação do mandato.
Roriz foi flagrado em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça negociando a partilha de dinheiro de origem ignorada com o ex-presidente do BRB (Banco de Brasília) Tarcísio Franklin de Moura -suspeito de ter desviado R$ 50 milhões do BRB. Roriz nega que o dinheiro citado seja público.
Como o PSOL teme que o processo contra Roriz ofusque o de Renan, a sigla dará início à campanha "Fora, Renan".


Texto Anterior: Contrariado, PT tenta reverter entrega de cargo
Próximo Texto: Cafeteira: Relator afastado vai passar por cirurgia no cérebro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.