São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Clima de distensão

Um dia depois de abraçar FHC no velório de Ruth Cardoso, Lula se mostrava ontem disposto a aproveitar o momento de trégua para construir um caminho de reaproximação com o PSDB. De forma bastante assertiva, o presidente manifestou, em conversa no palácio, o desejo de "retomar o diálogo" com o principal partido de oposição, que, a seu ver, tem em comum com o PT a implementação de políticas sociais.
Lula avaliou que a discussão de uma proposta de reforma política poderia dar início a esse processo e fez vivos elogios aos dois presidenciáveis tucanos, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves, pelos quais disse ter "muito carinho".

Last call 1. Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) fazem última investida junto a Lula em prol da aliança formal entre as duas siglas e o PT em Belo Horizonte. O pernambucano, lembrando que seu partido cedeu ao PT em São Paulo e Salvador, critica a intransigência petista em BH. O mineiro reforçou a queixa ao encontrar com o presidente em SP.

Last call 2. Lula teve ontem longa conversa com o presidente do PT, Ricardo Berzoini. À espera de solução de última hora, os tucanos adiaram para segunda sua convenção na capital mineira.

Martelo batido. O deputado Edson Aparecido (PSDB-SP) será o coordenador-geral da campanha de Geraldo Alckmin à prefeitura.

Batismo. A coligação de Alckmin já tem nome: "São Paulo, na Melhor Direção".

Rosto colado. A aliança demorou a sair, mas agora Marta Suplicy (PT) e Aldo Rebelo (PC do B) não se desgrudam. Depois de reunião ontem, candidata e vice participam do lançamento da chapa hoje à tarde e, à noite, irão juntos a um evento com metalúrgicos da Força Sindical.

Forcinha. Lula telefonou para o apresentador Ratinho, de quem é amigo, para evitar a candidatura do deputado federal Ratinho Júnior (PSC) à Prefeitura de Curitiba. Ontem, a sigla anunciou apoio à petista Gleisi Hoffmann.

Veja bem. Partiu de Patrus Ananias o convite para que ACM Neto fosse ao ministério. O candidato do DEM em Salvador pediu apoio para projeto de reajuste anual do Bolsa Família. Mineiramente, Patrus disse que isso depende de outras áreas do governo.

Aliado da onça. O governo está de cabelo em pé com a iniciativa de Geraldo Magela de equiparar reajustes de servidores ativos e inativos no relatório da MP 431. Pré-candidato ao governo do DF, o deputado petista está disposto a arrombar os cofres para transformar a "MP do Mal", como a chama o funcionalismo, em "MP da Alegria".

Enrosco 1. Um grupo de deputados da base, Pepe Vargas (PT-RS) à frente, se opõe ao relatório da reforma tributária de Sandro Mabel (PR-GO), prestes a ser finalizado. Um dos problemas está no trecho que determina a redução da alíquota de contribuição previdenciária de empresas de 20% para 14%, mas não diz qual será o mecanismo de compensação de receita.

Enrosco 2. Como não há mais prazo para emendas, a idéia é pressionar Mabel a incluir o dispositivo de compensação em seu texto. Do contrário, haverá resistência na base. "É um cheque em branco. Em pouco tempo, quebra a Previdência", diz Vargas.

Barrado. O governador de Alagoas, Teo Vilela (PSDB), teve o pedido de aumento de salário enterrado pelo próprio Executivo. A Procuradoria do Estado entendeu que a demanda não poderia partir do governo. O projeto de lei que o tucano pretendia mandar para a Assembléia vinculava a variação de seu salário à arrecadação do Estado.

Visita à Folha. Eduardo Storópoli, reitor da Universidade Nove de Julho (Uninove), visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava com Patrícia Salatini Abud Monteiro, diretora de Marketing e Atendimento.

Tiroteio

O Mangabeira já começou a agir no curto prazo, que certamente vai produzir notícias ruins para o governo em tempos de eleição.


Do deputado LUIZ PAULO VELLOZO LUCAS (PSDB-ES), sobre a decisão do Ipea, subordinado ao ministro do Longo Prazo, de não divulgar mais a cada trimestre projeções econômicas como revisão dos cenários de inflação, "para não alimentar especulações no mercado".

Contraponto

Mil faces

Cristovam Buarque (PDT-DF), que já se anunciou candidato à Presidência em 2010, fez um périplo pelo esvaziado Senado ontem, falando primeiro numa sessão em homenagem aos bombeiros:
-Quando criança, quis ser bombeiro!
Cinco minutos depois, estava na Comissão de Direitos Humanos mencionando sua admiração pelos caminhoneiros, que transformaram "o então professor em candidato".
A sessão ia terminando quando o senador emendou:
-Ah! E quero falar aqui também dos taxistas. Afinal, sou um usuário assíduo de táxi...


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