São Paulo, sábado, 27 de junho de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Boletim médico

A senadores com quem conversou ontem José Sarney (PMDB-AP) reconheceu o agravamento de sua situação política ao longo da semana, com o acúmulo de revelações de favorecimento a familiares e apadrinhados no Senado. Manifestou especial preocupação com o DEM, que abriga alguns de seus aliados históricos. Dono da segunda maior bancada da Casa, o partido se reunirá na terça-feira para decidir se adere ao coro que pede o afastamento do presidente.
Sarney sabe que a eventual defecção em bloco dos "demos" seria sua sentença de morte. Ontem, telefonou para vários senadores da sigla. E continuou a dizer que não pretende renunciar.



Questão de fé. O padre carismático Moacir Anastácio, que atrai uma legião de católicos à celebração anual do Pentecostes em Taguatinga, participou de almoço ontem com a família Sarney e aliados. Foi levar uma bênção ao presidente do Senado.

Flashmob 1. Com mais de 10 mil mensagens em apenas uma hora, a mobilização no Twitter para que fosse postada a expressão "fora Sarney" a partir das 15h de ontem provocou um fluxo na rede de miniblogs que superou, no país, a morte de Michael Jackson.

Flashmob 2. Os adeptos do protesto virtual definiram a próxima quarta como dia para manifestações "físicas" pela saída do presidente do Senado. Até as 19h, havia atos agendados em seis capitais.

Força aí. Em campanha pelo afastamento de Sarney, Pedro Simon (PMDB-RS) encontrou tempo para telefonar a Beto Richa (PSDB-PR). O senador queria prestar solidariedade ao prefeito de Curitiba, que enfrenta acusação de uso de caixa dois em sua campanha reeleitoral de 2008.

Ação... Sarney nomeou em 15 de maio deste ano Flávia Coelho Garcia para o cerimonial da presidência do Senado. É filha de Luiz Garcia Coelho, lobista e amigo de Renan Calheiros (PMDB-AL). Ex-assessora de Renan, Flávia foi exonerada em 2007, durante os processos de cassação enfrentados pelo peemedebista.

... entre amigos. Ex-marido de Flávia, o advogado Bruno Lins disse em depoimento à polícia, na época, que o ex-sogro se valeu da proximidade com Renan para intermediar negócios entre o banco BMG e o INSS. Tanto Renan quanto Coelho negaram as denúncias.

Pão e circo. Na avaliação do Planalto, a leitura, na noite de quarta-feira, do requerimento para a criação da CPI do Dnit deve ser creditada não apenas à instabilidade reinante no Senado, mas também à insatisfação dos parlamentares com o atraso na liberação de suas emendas.

Bate-bola. Em conversa com auxiliares logo depois da vitória do Brasil sobre a África do Sul, Lula rasgou elogios a Dunga. Para o presidente, o técnico "teve estrela" e "calou a boca de sabichões que acham que entendem tudo de futebol, inclusive eu". Lula, que não havia aprovado a entrada de Daniel Alves, reconheceu: "O menino brilhou e salvou a partida".

Zona cinzenta. A CCJ do Senado encomendou a Marco Maciel (DEM-PE) uma solução negociada para o projeto de Sérgio Zambiasi (PTB-RS) que obriga os partidos a informar à Justiça Eleitoral, no ato do registro dos candidatos, o respectivo programa de governo. Teme-se que a tramitação abra espaço para "contrabandos" como janela de infidelidade e terceiro mandato.

Que fase! Além de ver uma aliança entre PT e oposição reduzir as chances de instalação da CPI da Conta de Luz, o autor do requerimento, Eduardo da Fonte (PP-PE), amarga outro desconforto: o deputado pegou catapora.

com VERA MAGALHÃES e LETÍCIA SANDER

Tiroteio
"É tarefa tão ingrata atacar o governo Lula que sobrou para meus amigos senadores do PSDB. Serra e Aécio fizeram questão de não aparecer."


Do senador ALOIZIO MERCADANTE (PT-SP), sobre o programa tucano levado ao ar na noite de quinta em rede nacional de TV e rádio.

Contraponto
O combate dos chefes

O governador José Roberto Arruda (DEM) esteve ontem em Paris para acertar detalhes da visita do presidente francês a Brasília em setembro, quando assinarão o contrato do veículo leve sobre trilhos que deverá incrementar a infra-estrutura da capital para a Copa de 2014.
-Sarkozy prefere eventos de rua-, disse Jean Michel Severino, presidente da agência de desenvolvimento.
Arruda sugeriu lançarem a pedra fundamental, e Severino disse que será levado um vagão do VLT para o ato.
-O presidente Sarkozy é muito irrequieto- insistiu.
-O governador também!- emendou um assessor.
-Não como o Sarkozy!- insistiu Severino.
-Há controvérsias!- apressou-se o fiel brasileiro.


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